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Estado de Minas

Consumo das famílias cresceu, mas alerta da inflação é ligado

Gasto das famílias avança 3,1% no ano passado, porém alta da inflação preocupa e impacta nas despesas do orçamento


postado em 02/03/2013 06:00 / atualizado em 02/03/2013 07:24

A família Magalhães Avelar teve de fazer mudanças para equilibrar receita e despesas:
A família Magalhães Avelar teve de fazer mudanças para equilibrar receita e despesas: "Costumava comprar num supermercado mais elitizado, mas os preços ficaram inviáveis", diz a professora Mônica (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press %u2013 16/6/12)


O consumo das famílias cresceu 3,1% em 2012, ancorado pela elevação real de 6,7% da massa salarial dos brasileiros e pelo aumento da oferta de crédito no país. No quarto trimestre, o avanço foi de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando ao 37º trimestre consecutivo de expansão. A curva do crescimento, porém, é menor do que a registrada em 2011 – quando a alta foi de 4,1% –, e a mais baixa desde 2003 (0,8%). A variação recuou porque, nos últimos dois anos, a renda dos consumidores foi corroída pela inflação, parte dos rendimentos foi destinada ao ajuste das contas familiares por causa do excesso de endividamento e a carga tributária pesou mais no orçamento. Ainda assim, o avanço no ritmo do consumo foi fundamental para que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) não ficasse ainda menor em 2012.

 Outra dificuldade enfrentada pelas famílias no ano passado foi ter que lidar com tipos diferentes de inflação para cada perfil de consumo. "Alguns preços subiram mais que outros. Por isso, famílias com hábitos distintos sentiram maior impacto no orçamento de acordo com sua preferência no consumo de produtos e serviços", explica Nicola Tinga, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Na casa da professora Mônica do Carmo Magalhães Avelar, algumas mudanças foram feitas para acomodar no orçamento familiar o aumento dos gastos com as despesas frequentes. Uma das decisões foi mudar de supermercado e a maneira que a compra do mês era feita. “Costumava comprar num supermercado mais elitizado, mas os preços ficaram inviáveis. Agora, as compras gerais são feitas em um mais popular. Não chego a estocar, mas evito ter que ir várias vezes ao supermercado”, conta Mônica, que ficou alarmada especialmente com os valores de produtos de hortifrúti. Além disso, despesas que não se encaixavam entre as prioridades passaram a ser revistas, como gastos com vestuário e viagens. “Costumava trocar meu carro com uma certa regularidade. O que tenho hoje já tem quatro anos, e em outros tempos, teria comprado outro, mas vi que não daria.”

Para o comércio, o setor de serviços evitou que resultado do PIB fosse pior. Em nota, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) lamentou o resultado do PIB em 2012 e frisou que o modelo econômico que favorece o consumo está se esgotando. Além disso, alertou para o risco de as altas taxas de inflação afetarem o poder de compra do consumidor brasileiro e impactarem as vendas. Dados como a queda de 5,8% nas vendas de veículos novos em fevereiro, em comparação com o mesmo mês de 2012, podem ser um indicativo desse cenário.

Exaustão

De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o segmento de serviços foi mais uma vez o único a apresentar crescimento (1,7%) na soma das riquezas produzidas no ano passado. “O setor se mostrou a locomotiva do Brasil. Sem essa ajuda, o país estaria numa situação desastrosa.” Porém, segundo Pellizzaro Junior, o tripé emprego em alta, crédito farto e expansão da renda real não será suficiente para aquecer a economia este ano.

Para o economista Celso Grisi, diretor-presidente do instituto de pesquisas de mercado Fractal, ainda que um crescimento de 2,5% a 3% no PIB para este ano seja possível, o consumo familiar não deverá ser tão relevante. “A vertente do crescimento por meio do consumo está chegando próximo da exaustão”, garante.


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