O corte na tarifa de energia elétrica freou, em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial que serve de meta para o governo federal, mas ainda assim perdeu a briga nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília e Recife para o fôlego de alta dos preços da educação, alimentos e bebidas. O IPCA recuou no Brasil de 0,86% em janeiro para 0,60% no mês passado, movimento registrado por oito das 11 capitais e entornos onde a inflação é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A redução das contas de luz residenciais foi de 15,17%, em média, contribuindo para uma queda de 2,38% dos gastos das famílias com a habitação. O impacto da medida, que começou a valer em 24 de janeiro, frustrou as expectativas de analistas do mercado financeiro e perdeu força diante do aperto no orçamento doméstico.
Na Grande BH, nem a energia mais barata segurou o aumento da inflação de 0,73% em janeiro para 0,84% no mês passado. Foi o indicador mais alto da nova série do IPCA revisada em janeiro do ano passado com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2009 e a maior variação na série antiga desde março de 2011 (0,88%). As despesas com energia elétrica residencial diminuíram 14,4%, informou o analista do IBGE em Minas Gerais Antônio Braz de Oliveira e Silva. “O efeito foi maior em outras regiões porque houve despesas que subiram menos na comparação com o que ocorreu em BH”, afirmou.
Enquanto os gastos com educação encareceram 5,2% no Grande Rio, em BH e entorno o reajuste médio alcançou 6,69%, influenciado pela remarcação de 9,28% das mensalidades dos cursos regulares (engloba do ensino infantil ao superior e as pós-graduações). Os cursos de idioma foram reajustados em 8,1%. Os preços de alimentos e bebidas variaram 1,65% na Grande BH e 0,88% na Região Metropolitana do Rio.
A diferença foi desfavorável para o consumidor de BH e região também na conta do transporte, com variação de 1,57%, seis vezes superior à vista pelos cariocas (0,26%). Pesaram as passagens de ônibus urbano na Grande BH, reajustadas em 5,66%, e as remarcações de 0,48% no item veículos próprios e de 3,29% dos combustíveis. Nesse último grupo, os reajustes foram de 3,44% dos preços da gasolina; 1,54% para o etanol e 3,77% do diesel. Além da Região Metropolitana de BH, amargaram inflação mais alta de janeiro para fevereiro o Grande Recife, de 0,90% para 0,98%, e Brasília e entorno, de 0,46% para 0,77%.
Meta
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA nacional subiu de 6,15% para 6,31% medidos até fevereiro, salto bem semelhante ao observado na Grande BH, de 6,11% para 6,37%. Nas projeções da agência classificadora de risco Austin Rating, ante o impacto inferior ao esperado da redução das contas de luz, no período de 12 meses o IPCA já deverá romper no mês que vem a meta estabelecida pelo governo, de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para baixo ou para cima, assim atingindo 6,5%. No ano, a inflação oficial atingiu 1,47%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para correção de salários, desceu de 0,92% para 0,52% em fevereiro e está em 6,77% em 12 meses.
Os preços dos alimentos, especialmente dos hortifrútis, não deverão ceder neste semestre. Na Grande BH, os maiores reajustes variaram em fevereiro de 13,82% nos ovos de galinha a 20,71% na cenoura e 37,14% no repolho. No atacado, a alta de preço do repolho chegou a 80,3% segundo Ricardo Martins, chefe da Seção de Informações de Mercado da Ceasa Minas.