Começa a tomar forma nas próximas semanas o projeto para transformar Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, em um dos cinco polos fornecedores da indústria do petróleo e gás, previstos em acordo de cooperação firmado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Petrobras. O município mineiro, que cresceu em torno das atividades da siderúrgica Usiminas, é o único distante do mar entre as regiões industriais que serão incentivadas pelo programa:Itaboraí, no Rio de Janeiro; Maragojipe, na Bahia; Ipujoca, em Pernambuco; e São José do Norte, no Rio Grande do Sul.
Antes mesmo de o programa decolar, o Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Sindimiva) tomou a iniciativa de buscar a parceria de empresas norueguesas que detêm tecnologia de última geração na fabricação de equipamentos de perfuração para produção de petróleo e gás. O presidente da instituição, Jeferson Bachour Coelho, prefere manter o nome do grupo norueguês em sigilo até a conclusão das negociações, em fase final.
“Estamos redigindo a carta de intenções para um acordo que nos dará acesso à tecnologia do melhor cluster (expressão inglesa para os arranjos produtivos locais – APLs) do mundo. A parceria pode abrir oportunidades em outras cadeias de produção, como informática e produção de software”, afirma o industrial. O apoio do Mdic e da ABDI fortalece o negócio. A escolha de Ipatinga para o desenvolvimento do polo fornecedor se deveu à vocação metalúrgica da indústria local, que se tornou fornecedora de peças para navios a estaleiros no Brasil.
Os investimentos da indústria de Ipatinga para atender a demanda do setor naval começaram há quatro anos, resultando num grupo de 10 empresas da cidade que passaram a fornecer portas, calhas de amarras, mastros e balaustradas, entre outras peças. Está prevista para 18 a 22 deste mês a primeira reunião no município para acerto das medidas que serão tomadas para criação do APL, que reúne empresas do mesmo ramo em sistema de interação e cooperação.
Segundo o diretor da ABDI, Otávio Camargo, o programa terá a participação de um conjunto de instituições ligadas ao setor industrial, que vai definir as necessidades para cada polo de fornecedores. “O desafio é coordenar a participação de todos os instrumentos necessários, inclusive daqueles já existentes de crédito por meio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), tributação, promoção da atividade industrial e de qualificação profissional”, afirma.
A formação dos polos de fornecedores, de acordo com Otávio Camargo, tem as vantagens de contribuir para o fortalecimento do conteúdo nacional dos projetos de investimento na área de petróleo e gás e estimular outras cadeias produtivas locais e de prestadores de serviços, da tecnologia da informação à hotelaria. Em Minas, esses desdobramentos poderão, inclusive, beneficiar a indústria da Grande Belo Horizonte para atender a demanda de insumos e matérias-primas. Foram mapeados 2.646 empresas do setor metal-mecânico no Vale do Aço e na Região Metropolitana de BH.