Os indicadores da Itália, Grécia, Portugal e Chipre publicados nesta segunda-feira confirmam a recessão em 2012, o que reativa o debate sobre a asfixia que a austeridade produz para o crescimento, três dias antes de os presidentes europeus discutirem este assunto em Bruxelas.
Pouco antes da reunião em Bruxelas dos ministros das Relações Exteriores dos países da União Europeia encarregados de preparar a cúpula de chefes de Estado e de Governo sobre o crescimento e a competitividade prevista na próxima quinta e sexta-feira, as más notícias se acumulam.
Na Itália, a confirmação nesta segunda-feira pela manhã de que o Produto Interno Bruto (PIB) se contraiu 0,9% no quarto trimestre de 2012, prejudicou ainda mais um cenário que já era ruim gris devido à incerteza política e o rebaixamento em um nível da nota da Itália pela agência de classificação Fitch.
Trata-se do 6º semestre consecutivo de queda do PIB italiano e não deve haver recuperação antes do segundo semestre deste ano, apesar de muitos economistas começarem a pensar que isso não vai ser possível devido à crise política que atinge o país desde as eleições legislativas de fevereiro.
As mesmas nuvens escuras pariram sobre Portugal, onde o PIB caiu 1,8% no último trimestre de 2012 com a queda do crescimento para o conjunto do ano foi de 3,2%, segundo dados definitivos publicados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Trata-se da pior recessão desde 1975. Esses dados refletem uma queda das exportações e da demanda interna. O governo de centro-direita e a Comissão Europeia reconheceram que esta austeridade sem precedentes tem um impacto maior que o esperado na economia e no desemprego, que subiu a 16,9% em 2012.
A "troika" (UE-BCE-FMI) concluirá nos próximos dias um novo exame trimestral do plano de recuperação das finanças do país. A Comissão Europeia proporá aos dirigentes da UE que deem mais um ano ao país para reduzir seu déficit público, segundo anunciou o presidente José Manuel Barroso no sábado. Em sua chegada a Bruxelas, o ministro espanhol de Assuntos Exteriores e Cooperação, José Manuel García-Margallo, alertou que a "austeridade excessiva não contribuirá para nos tirar da recessão".
Questionado se seu país precisa de mais tempo para reduzir o déficit público a 3%, previsto para 2014, contestou: "dar facilidades aos países que estão fazendo os deveres, me parece uma boa ideia". Também na Grécia, as autoridades anunciaram que o PIB despencou 5,7% no quarto trimestre de 2012.
Esses novos dados, se forem confirmados, apontam para um freio na deterioração da situação econômica, apesar de 2012 ter sido o quinto ano de uma recessão galopante e o pior é que não se espera crescimento antes de 2014. No Chipre, que negocia um plano de resgate com Bruxelas, o PIB também se contraiu no último trimestre 1,1% no último trimestre de 2012 e o ministério das Finanças espera uma contração de 2,4% para todo o ano e de 3,5% para 2013.
Na Espanha, as autoridades confirmaram recentemente que o PIB caiu, em 2012, 1,4% e a recessão piorou no quarto trimestre (0,8%), devido, sobretudo, à queda da demanda interna. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) demonstrou um pouco de otimismo nesta segunda-feira ao considerar que pode haver crescimento na zona do euro, em particular na Alemanha.