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Estado de Minas

Consorciado fica à míngua em processo movido contra o Motorauto

Grupo de 180 ex-clientes do maior consórcio do estado ainda aguarda indenização após quase 18 anos da liquidação judicial. Eles recorrem ao MP para receber R$ 17 mi


postado em 13/03/2013 06:00 / atualizado em 13/03/2013 07:30

(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Quase 18 anos depois de o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do então maior consórcio de Minas Gerais, o AF Administradora de Consórcios Ltda, mais conhecido como Motorauto, cerca de 180 credores ainda aguardam o desfecho do processo. Os ex-clientes calculam que a massa falida administra um patrimônio em torno de R$ 22 milhões. Já o valor a ser rateado entre eles é de aproximadamente R$ 17 milhões. Diante da conta, os credores questionam o porquê de ainda não terem recebido os valores devidos.

O maior credor pessoa física da massa falida, o advogado Breno Carley Santos, aguarda pelos R$ 345,5 mil a que tem direito. Ele representa ainda outras 24 pessoas, cujo valor total soma cerca de R$ 3 milhões. Há três semanas, ele encaminhou um ofício ao promotor Marco Antônio Borges, do Ministério Público Estadual (MPE), reclamando da morosidade da massa falida em resolver o problema. No documento, o advogado destacou que a massa falida tem como principal patrimônio um imóvel avaliado em R$ 18 milhões.

Trata-se do prédio, de três pavimentos, de número 4.343 da Avenida Raja Gabaglia, no Bairro São Bento, na Região Centro-Sul, uma das áreas mais nobres de Belo Horizonte. “É um imóvel de 5,8 mil metros quadrados. Tal valor é mais do que suficiente para pagar todas as pessoas inscritas no quadro geral de credores (incluindo-se os por restituição, os fiscais, os com privilégio geral e os quirografários), cujo passivo representado pelos seus créditos atinge R$ 16.861.718,92, possibilitando uma sobra de caixa de R$ 1.138.281,08”, lamentou Breno.

O advogado acrescenta que, atualmente, parte do imóvel é alugado por R$ 30 mil mensais a uma revendedora de carros. “O atual síndico da massa falida, Osmar Brina Corrêa Lima, nunca tentou leiloar nem vender o mesmo imóvel, devendo ficar claro que este prédio ficou fechado por muitos anos, ocasionando uma perda de receita de aluguéis que merece ser levantada (pelo Judiciário). A edificação só foi alugada depois de muitos pedidos e sugestões dos consorciados credores, inclusive eu.”
A liquidação extrajudicial do Motorauto ocorreu em maio de 1995, quando o Banco Central analisou e encontrou irregularidades em várias empresas do ramo. Até maio de 2002, a massa liquidanda da AF Administradora foi gerenciada pelo Banco Central. Em 2004, a Justiça indeferiu o pedido de falência, a qual foi aceita, somente em 2007, devido à deterioração do patrimônio e ao crescimento do passivo.

O aposentado Mauro Antunes Ferreira, de 66 anos, clama para receber o valor gasto, com correção, no consórcio de um apartamento no Bairro Dona Clara. Ele tem direito a R$ 125 mil: “Havia pago 59 das 100 prestações. Eu tinha sido sorteado, mas aconteceu o que aconteceu e fiquei sem receber o imóvel. Moro de aluguel até hoje. Era o sonho da casa própria. Todas as minhas economias foram gastas no consórcio”, lamentou.

Sonho desfeito

O vendedor Jorge de Moura, de 62, também torce para receber logo os R$ 13,4 mil a que tem direito (valor corrigido). “Entrei no consórcio de um Chevett zero quilômetro em 1994. Pouco tempo depois fui surpreendido com esse problemão todo. O sonho do brasileiro daquela época era o carro novo. Meu sonho foi desfeito. Era uma outra época. Para se ter ideia, como as coisas eram diferentes, basta lembrar que um dos investimentos era telefone fixo. Hoje não é mais. Só consegui comprar um veículo quase 10 anos depois”, recorda Jorge, que se aposentou, mas continua na ativa para complementar a renda mensal. Procurado, o síndico da massa falida não retornou o pedido de entrevista deixado na caixa postal de dois telefones fixos.


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