Até o fim deste mês, as indústrias devem apresentar à Cmed relatório de comercialização, com informações dos preços que pretendem cobrar. O valor máximo não vai poder subir pelo período de um ano, ou seja, até março de 2014. A fórmula de cálculo do reajuste de preço de medicamento no Brasil é definida pela Lei 10.742 / 2003. “Pode acontecer o que for, mas o preço do medicamento é mantido. O único produto com preço controlado no país é o remédio”, observa Jorge Froes Aguilar, diretor executivo da Abafarma.
Alta nas prateleiras Nas prateleiras das farmácias, o reajuste deve chegar na segunda quinzena de abril. “Como as farmácias têm como referência a tabela da ABC Farma, esse reajuste deve acontecer em meados do mês que vem”, diz Rilke Novato Públio, diretor do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sinfarmig). Na sua avaliação, o preço dos medicamentos está muito elevado, apesar da concorrência e política de genéricos. “Os remédios mais consumidos no país deveriam ter reajuste menor, pois geram faturamento muito alto para as indústrias”, observa Públio. A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos) projeta para 2013 crescimento de 25% nas vendas em unidades. A expectativa da associação é de fechar o ano com 30% de participação no mercado.
Entre os consumidores, a opinião é unânime: o preço dos remédios já está muito elevado e não há espaço para novos reajustes. “É um absurdo. Todo mundo precisa de remédio. O aposentado e a população em geral têm dificuldades de comprar. Apesar de o governo doar, muitas vezes é preciso comprar a receita do médico”, afirma o aposentado Roberto Santos, que sofre de hipertensão. O remédio que ele toma tem comprimidos de 30 miligramas e o governo só doa unidades com 10 miligramas. “Se eu for comprar as com 30 miligramas, é um absurdo o preço”, diz.
O professor de música Noca Tourino toma remédio para pressão alta e colesterol. “Falta educação e remédio barato no país. Acho um absurdo o aumento. Muitas vezes o posto de saúde não tem o remédio, aí tenho que comprar”, afirma Tourino. Para o estudante de mestrado Luis Álvaro dos Santos Correa, a notícia de reajuste dos medicamentos é muito ruim. Ele sofre de diabetes. “O governo não apoia alguns remédios de diabético. Eu mesmo tenho que tomar comprimidos de até 750 mg, mas o governo só dá até 500 mg. Para mim que estou só estudando e com bolsa, é complicado”, afirma.