Brasília, 14 - Ao reclamar de uma operação que contaria com o patrocínio dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e da Fazenda, Guido Mantega, deputados do Espírito Santo protestaram nesta quinta-feira, em discursos no plenário da Câmara, contra o que consideram pressão do governo federal para retirar o Estaleiro Jurong Aracruz do Estado e levá-lo para Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
"O embaixador Luís Fernando Serra, de Cingapura, em nome do governo, abordou a empresa e disse que ela tinha de ir para Campos, ficar ao lado de Eike Batista (empresário), depois de 15% do investimento iniciado no município de Aracruz (litoral norte do Espírito Santo)", disse o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES). O deputado Cesar Colnago (PSDB-ES) afirmou que Eike Batista fez articulações com Mantega e Serra para se beneficiar com a mudança do estaleiro.
"O ministro Pimentel e o embaixador atuaram junto à empresa, lá em Cingapura, para sair do Espírito Santo, beneficiando aquele que, com certeza, colocou dinheiro na campanha da presidente Dilma Rousseff: Eike Batista", afirmou Colnago. Ele disse que o empreendimento da Jurong Aracruz vai gerar 6 mil empregos no Espírito Santo, uma importante compensação, de acordo com o deputado, para recompor as finanças do governo do Estado.
Lelo Coimbra disse que os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e da Fazenda negaram a atuação do governo federal na questão do estaleiro em encontro nesta quarta-feira (13) com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). O deputado do PMDB do Espírito Santo declarou que também recebeu a negativa do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Uma coisa nos chama a atenção: um embaixador é um servidor público aplicado. Um embaixador não é um servidor público qualquer. Ele representa a nata do serviço público federal nas relações internacionais. Ele jamais entraria numa roubada dessa se não tivesse um sinal verde", julgou, lembrando que o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por meio da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, fará um questionamento formal ao Ministério das Relações Exteriores sobre a posição do embaixador do Brasil em Cingapura nesse caso.