No esforço para alavancar os investimentos na economia brasileira e acelerar o processo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o governo federal anunciou ontem um pacote de R$ 32,9 bilhões para incrementar projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico voltados para inovação até o fim do ano que vem. O montante significativo anunciado pelo Planalto foi visto com bons olhos tanto pelo setor industrial quanto pelos pesquisadores. “O Brasil precisa desenvolver tecnologia e inovar para que nossa indústria possa ser mais competitiva, não só no mercado interno, mas principalmente no exterior”, disse Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Com o objetivo de acelerar a produção de novas tecnologias no Brasil, ampliar o apoio a projetos de risco e a assistência a projetos de pequenas e médias empresas, o Inova Empresa, como foi batizado o programa, deverá receber R$ 28,5 bilhões dos cofres do próprio governo federal e R$ 4,4 bilhões oriundos de instituições, como a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Sebrae, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os investimentos serão destinados a sete setores considerados prioritários: agropecuária, energia, petróleo e gás, saúde, aeroespacial e defesa, tecnologia da informação e sustentabilidade.
“Isso é inédito na história da ciência e tecnologia no país. A concentração de recursos e a participação das várias agências governamentais que atuam no setor”, afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Já a presidente Dilma Rousseff declarou que “inovar, para o Brasil, é uma questão de estar à altura do seu potencial”.
Para o professor Mario Neto Borges, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o novo programa, além de articular várias ações, dará um impulso ao setor industrial, unindo a academia e empresariado. Ele destaca os R$ 350 milhões destinados às pequenas e microempresas. “Como são recursos de subvenção, será um impulso para essas empresas avançarem na inovação”, diz.
Para ele, os quase R$ 33 bilhões chegam num momento em que a ciência brasileira vem sofrendo com falta de recursos. Segundo o professor, entre 2011 e 2012, R$ 2,5 bilhões deixaram de ser aplicados em inovação no pais. “Com o anúncio hoje (ontem) é uma mudança clara de posição, mas o mais importante é que esses recursos sejam robustos e perenes”.