A moeda única da Europa está novamente ameaçada e pode levar o mundo a uma nova rodada de problemas. Com a piora das condições financeiras no Chipre, uma ilha do Mediterrâneo ao sul da Turquia (veja mapa), a desconfiança tomou conta dos mercados e derrubou as principais bolsas do mundo. Frankfurt, uma das mais importantes do continente, encolheu 0,87% no pregão de ontem. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) amargou perda de 0,81% e fechou a 55.576 pontos, o menor nível em quatro meses. O dólar também reagiu às notícias do Velho Continente e terminou o dia em alta de 1,03% – a moeda atingiu pela primeira vez desde janeiro uma cotação superior a R$ 2, encerrando o dia a R$ 2,011.
Ontem, as autoridades europeias passaram o dia em reuniões e teleconferências em busca de uma solução que afaste qualquer desconfiança sobre os demais países da Zona do Euro. O Chipre, com uma população de 862 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 24,6 bilhões, tem um sistema financeiro que soma cerca de US$ 150 bilhões em depósitos, a maioria deles, cerca de 40%,
“É muito mais uma questão de abrir precedente do que por medo de contágio via deterioração do sistema bancário”, explica Luciano Rostagno, estragista-chefe do banco WestLB. “Eles cogitaram um confisco e o temor é a de que essa medida seja novamente ventilada caso algum outro país passe por problemas financeiros e haja risco de corrida bancária”, acrescentou.
Máfia
Jeroen Dijsselbloem, chefe do Eurogrupo, defendeu, durante discurso no Parlamento Europeu, que se busque uma saída para a crise no Chipre. O executivo lembrou que a maioria dos depósitos estrangeiros são investimentos de milionários russos pertencentes à máfia. Com toda a turbulência, as autoridades decretaram feriado bancário até a próxima terça-feira para evitar uma corrida às instituições e que as pessoas retirassem todos os seus recursos dos bancos, situação que os levaria a falência. Os principais credores da ilha, o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia, grupo chamado de Troika, ofereceu um resgate de 10 bilhões de euros ao Chipre, porém exige que o governo local arrecade 7 bilhões de euros. Desse total, 5,8 bilhões devem ser coletados por meio de impostos sobre os depósitos bancários.