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Estado de Minas

Dinheiro fica "mais caro" em empréstimos e financiamentos

Taxa do crédito livre sobe pelo segundo mês consecutivo, antecipando tendência do Banco Central, de alta da Selic. Média cobrada no cheque especial subiu 0,5 ponto percentual


postado em 27/03/2013 06:00

Puxada pelo cheque especial e crédito pessoal, a taxa média de empréstimos e financiamentos ficou mais alta para as famílias. Em fevereiro, os juros no chamado crédito livre passaram de 34,6% ao ano para 35,1%. O movimento é uma antecipação das instituições financeiras frente a um possível aperto dos juros básicos (Selic). A boa notícia é que as taxas do crediário, recursos usados para financiar fogões, geladeiras e outros eletrodomésticos, diminuíram 1,4% no mês – no acumulado de 12 meses, o custo desses financiamentos encolheu 6,7%.

O consumidor que precisou de um empréstimo pessoal em fevereiro e não tinha a opção de fazer o crédito com desconto na folha de pagamento pagou mais caro por esses recursos. Segundo dados do Banco Central divulgados ontem, a taxa dessa operação aumentou 1,7 ponto percentual, passando de 68,1% ao ano para 69,8%. O cheque especial também voltou a ficar mais pesado, registrando elevação de 0,5 ponto percentual, de 138% ao ano para 138,5%.

Pelos números da autoridade monetária, parte desse aumento ocorreu em função do custo de captação dos bancos. Eles passaram a pagar mais, no mês, para obter recursos para emprestar. Na prática, de cada R$ 100 captados por uma instituição financeira, na média, ela teve um custo de R$ 8,90. Em janeiro, esse valor era ligeiramente menor, de R$ 8,40. “O custo de captação subiu em fevereiro. Isso reflete a percepção dos agentes sobre a conjuntura internacional, sobre a inflação e sobre a expectativa para a taxa de juros (Selic)”, admitiu Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Esse aumento das despesas dos bancos, que acabou por chegar ao bolso do consumidor, ocorreu em razão de declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, e de afirmações em documentos divulgados recentemente, que sinalizam que a Selic deve subir em breve caso a inflação continue a piorar. A expectativa dos analistas é de que os juros básicos saiam dos atuais 7,25% ao ano para 8,5% até o fim de 2013. Apenas essa sinalização, segundo especialistas, já se transformou em custo para o consumidor que precisa de financiamento.

Para Maurício Molan, economista-chefe do Santander, o mercado exagera ao já colocar na conta um aumento de juros. “Embora os riscos de aumentos da Selic em 2013 tenham crescido, acreditamos que um ciclo de aperto seria consideravelmente menos agressivo do que os mercados estão precificando atualmente.” Para ele, a inflação deve dar algum alívio nos próximos meses e o governo deve usar de mais medidas fiscais para diminuir o ritmo de alta dos preços. Com isso, a equipe econômica espera evitar uma elevação intensa da Selic.

Os dados do BC mostram ainda que o saldo das operações de crédito apresentou leve expansão no segundo mês do ano. Registrou crescimento de 0,7% e chegou aos R$ 2,38 trilhões. Para as pessoas físicas, esse avanço foi de 0,5% e o valor total atingiu R$ 1,09 trilhão.

CAUTELA Depois de começar a trabalhar como vendedora no ano passado, Thays Lucena Santos pôde finalmente realizar o sonho de ter o próprio cartão de crédito. Embora tenha sido fácil conseguir crédito no mercado, ela garante que os juros em elevação exigem uma postura mais crítica, tanto para consumir quanto para pagar. “Depois de ter me enrolado em dívidas com o cartão e ter gasto um salário inteiro para pagar uma fatura, checo sempre qual é a taxa de juros”, comenta. “O que dá para perceber é que os juros estão sempre aumentando desde janeiro. Por isso, opto por pagar a fatura toda, mesmo que o orçamento fique apertado”, reforça.

Diferentemente de Thays, o também vendedor Weslei Nunes Queiroz, que está em busca da melhor linha de crédito para financiar um carro, conta que ainda não sentiu o aumento dos juros. “Em dezembro, fiz um financiamento com taxa de 1,48% ao mês e a promessa do meu gerente é manter a taxa”, lembra. O fato, no entanto, é explicado pela negociação imposta por Weslei. “Não pago mais porque pesquiso, faço cálculo e procuro informações na internet. Não subiu para mim porque negociei e sei que o banco tem uma margem em que pode chegar e beneficiar o cliente”, diz.


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