A multinacional de origem sul-africana Anglo American começa a planejar as etapas de teste e montagem dos equipamentos de mineração do megaprojeto batizado de Minas-Rio, que vai produzir 26,5 milhões de toneladas por ano de minério de ferro numa etapa inicial em Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas Gerais. Depois de vencer a resistência de ambientalistas e os obstáculos criados em três ações civis públicas, que atrasaram em um ano a entrada em operação do empreendimento, a companhia chegou à fase de pico das obras de implementação nos dois estados. As frentes de serviços empregam 11,5 mil trabalhadores com contrato temporário, contingente que deve alcançar 15 mil neste ano, informou ontem o presidente da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil da Anglo American, Paulo Castellari Porchia.
O executivo confirmou a previsão do primeiro embarque de ferro no fim de 2014 e o orçamento já revisado de US$ 8,8 bilhões, em decorrência das dificuldades de viabilizar o projeto no cronograma original que previa o fornecimento da matéria-prima a partir de dezembro. Para cumprir o novo prazo, Paulo Castellari e sua equipe esperam transformar as atuais licenças de instalação (LI) em licenças de operação (LO) até o começo do próximo ano sem enfrentar tantas complicações quanto no passado.
Baixo custo
A garantia de sucesso do empreendimento, a despeito dos desafios que a empresa reconhece estar enfrentando, segundo Paulo Castellari, está no baixo custo de produção de um minério de qualidade premium, com 67,5% de teor de ferro. O material será produzido a US$ 30 por tonelada e chegará aos clientes chineses, que vão absorver um quarto do volume total, por US$ 50/tonelada. O preço médio da tonelada da matéria-prima em janeiro e fevereiro foi estimado em US$ 125,90, com base no índice americano Platts que reflete os negócios na China. “É um projeto muito bem posicionado na curva de custos e que vai nos colocar de forma muito competitiva no mercado”, disse o executivo.
A Anglo já tem contratos de longo prazo negociados para vender 50% da produção no Oriente Médio, além de 25% na China, e negocia o fornecimento a um empresa no Brasil de outro quarto do volume total. Castellari vê um cenário de demanda firme da matéria-prima na China, embora comungue da perspectiva de os preços se estabilizarem em níveis inferiores aos atuais. A estimativa do custo de produção do minério de Conceição do Mato Dentro embute despesa a maior com o pagamento de royalties pela exploração da matéria-prima, prevendo o dobro da alíquota atual para o ferro, como pedem os prefeitos das cidades mineradoras. O escoamento será feito pelo mineroduto até o terminal próprio da Anglo no Porto do Açú, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, onde a empresa é sócia do bilionário Eike Batista.