A crise econômica na Argentina e as barreiras comerciais impostas pela presidente Cristina Kirchner devem agravar a piora da balança comercial brasileira. Nos primeiros três meses deste ano, as vendas do Brasil para o país vizinho caíram 6%. No ano passado, o tombo foi de 20,7%.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, o Brasil tem tido uma “paciência bovina” com a Argentina que está custando muito caro para as exportações brasileiras e o crescimento do País. Ele alerta que a presidente Dilma Rousseff precisa reagir e ter uma ação dura com o governo argentino.
Segundo ele, a Argentina está vivendo uma crise muito grande e corre o risco de ter um colapso cambial em breve. Por isso, o governo Kirchner está se defendendo, colocando barreiras comerciais e fazendo um ajuste “em cima do Brasil”. “Uma das razões do pibinho brasileiro do ano passado foi a exportação muito menor para Argentina devido a essa política maluca deles”, avalia.
Na prática, porém, Dilma e Cristina se aproximam cada vez mais. Ainda no primeiro ano de governo, a presidente brasileira aceitou sugestão da colega argentina e elevou a tarifa de importação para mais de cem produtos.
Ele destaca ainda que a Argentina tem bloqueado acordos com outros países. “O Mercosul é um tratado de integração comercial, então, o Brasil não consegue fazer negociações com outros países porque o Argentina bloqueia as negociações.”
Na sua avaliação, essa passividade do Brasil já chegou na fase do abuso, porque as empresas brasileiras estão tendo dificuldades na Argentina, como já ocorreu com a Vale e a Petrobrás. Para ele, se a economia argentina entrar em colapso, o crescimento doPIB brasileiro deve ficar abaixo do previsto 3%.