O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, afirmou nesta quarta-feira, durante divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira referente ao segundo semestre de 2012, que as provisões do sistema financeiro nacional continuam em patamares bastante confortáveis, acima da taxa de inadimplência. Em dezembro de 2012, para cada R$ 1 de inadimplência os bancos tinham R$ 1,6 de provisão, ou seja, uma provisão 60% acima da inadimplência. Segundo ele, é um dos melhores níveis do mundo. "Esse dado tem se mantido nesse patamar, que é um nível bastante confortável."
Segundo Anthero, os indicadores antecedentes mostram que a inadimplência continuará em queda nos próximos meses no segmento de crédito pessoa física. Entre os motivos para essa queda estão o aumento da participação na carteira total de operações com menor índice de atrasos acima de 90 dias, como consignado e imobiliário, além de uma melhora nos dados referentes a veículos.
Em relação aos veículos, os atrasos para concessões de junho de 2011 apresentavam atrasos próximos de 2% após quatro meses e acima de 3,6% após seis meses. Esses porcentuais caíram para algo próximo de 0,5% e 1,5%, respectivamente, para a safra de concessões de veículos em junho de 2012. Para pessoas jurídicas, a tendência é de queda ou estabilidade, segundo o BC.
O diretor do BC disse ainda que a tendência é de que haja queda no comprometimento da renda mensal das famílias nos próximos meses. Esse indicador considera o valor das prestações mensais referentes a dívidas bancárias e a renda mensal dos consumidores.
De acordo com Anthero, já houve queda no indicador no segundo semestre de 2012, de 22,9% em junho para 21,9% em dezembro. A queda está ligada, por exemplo, à redução dos spreads bancários e das taxas de juros. "É um nível que está dentro do padrão. É um nível saudável", afirmou. "O crédito continua se expandindo em ritmo mais moderado, mas a renda também cresce. Os dados hoje indicam para uma redução ou estabilidade nesse patamar."
O diretor destacou também que, muitas vezes há aumento no comprometimento da renda com dívidas bancárias por causa do financiamento habitacional, mas a família deixa de pagar o aluguel. "Para a família, podemos ter um alívio na renda. Além disso, está se formando um patrimônio, o que é um aumento de riqueza."