Brasília – Hoje é o dia D para a presidente Dilma Rousseff mudar ou não os rumos da política monetária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. A estimativa dos economistas do mercado é de que em março a inflação acumulada em 12 meses tenha superado o limite estipulado pelo governo, de 6,5%, dois pontos acima do centro da meta, de 4,5% ao ano. No último relatório, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 6,31%, mas o IPCA rompeu o teto da meta em quatro das 11 capitais pesquisadas: Recife (7,44%), Fortaleza (8,31%), Salvador (7,05%) e Belém (9,75%).
A expectativa agora é grande com relação ao fato de o Banco Central elevar os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nos dias 16 e 17 deste mês. Especialmente porque, na segunda-feira, Dilma chamou os economistas Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo e Yoshiaki Nakano para almoçarem no Palácio do Alvorada, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Na avaliação de especialistas, o momento chegou e será necessário olhar se as pressões inflacionárias do IPCA estão apenas nos alimentos ou na maioria dos itens pesquisados, como vem ocorrendo nos últimos meses. Levantamento feito pela reportagem com 10 instituições prevê que o indicador acumulado em 12 meses deverá ficar entre 6,60% a 6,66%. Para o mês, as previsões variam de 0,47% a 0,54%.
"É preciso que o governo Banco Central dê um sinal mais transparente de como será a condução da política monetária", avisou o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes. "O BC tem que ser cauteloso. É chegado o momento de ele dar uma sinalização de que ele vai praticar uma política monetária mais apertada, com possibilidade de ação rápida. Mas é preciso saber a longevidade de um possível aperto monetário", emendou.
Ernesto Lozardo, economista e professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP), atambém considera que está na hora de o governo agir, mas a saída para segurar a inflação no momento atual será complexa, pois ela não depende apenas de uma única cartada na manga, ou seja, o aumento dos juros. "A política monetária pouco pode fazer. Se a inflação for colocada dentro da meta, com um forte aumento dos juros, vamos ter uma recessão econômica", alertou.
ALERTA DO FMI
A pressão política dos governos sobre os bancos centrais é um dos maiores riscos para uma disparada da inflação. O alerta é de um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado ontem, que defende a independência dos BCs como uma das armas para manter os preços sobre controle.