O efeito da desoneração de itens da cesta básica, anunciada pelo governo no início de março, ainda não pode ser percebido com clareza sobre a inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Toda a questão da desoneração dos preços dos produtos da cesta básica é que ainda não há como perceber com clareza o efeito dessas medidas. Com certeza algum efeito houve no sentido de reduzir taxa de crescimento em produtos específicos, tanto que você pode ver que vários produtos desaceleraram (o ritmo de aumentos). Mas outros eventos ocorreram", notou Eulina na manhã desta quarta-feira.
A coordenadora do IBGE cita como outras contribuições para o alívio nos preços as previsões para a safra recorde em 2013, com aumento de produção em produtos como soja e arroz, além da melhora nas condições climáticas em países como Estados Unidos e Argentina, que também possuem influência sobre preços dos alimentos no País.
"A previsão é que a safra desse ano seja 12% maior que do ano passado. A de arroz está 5% maior, a soja está prevista para ser 23% maior. E há notícia que condições as desfavoráveis no clima dos Estados Unidos estão mais amenizadas", apontou Eulina, ressaltando ser difícil medir o peso que a desoneração da cesta básica teve sobre a redução no ritmo de aumentos de preços dos alimentos. Ela considerou ainda o fato de a desoneração ter entrado em vigor em 8 de março, quando os preços já estavam sendo coletados.
Entre os produtos alimentícios que se destacaram como as principais quedas no IPCA de março estão itens beneficiados pela medida do governo: açúcar cristal (de -1,76% em fevereiro para -1,91% em março), carnes (de -0,13% para -1,63%), óleo de soja (de -0,84% para -1,53%) e açúcar refinado (-2,82% para -1,06%).
"São itens que estão na lista da desoneração e já vinham caindo em março. Pode ser que teve queda por outro motivo, mas teve uma ajuda (da desoneração). Em fevereiro, a desoneração não tinha acontecido, mas o preço já estava caindo. Mas pode ser que agora estivesse caindo menos (não fosse a medida do governo)", considerou Eulina.
Entre os itens de higiene que tiveram desoneração, apenas os preços da pasta de dente caíram em março (a queda foi de 0,41%, ante aumento de 1,56% em fevereiro). O papel higiênico subiu 1 92% (ante alta de 0,89%), enquanto o sabonete ficou 0,48% mais caro (após aumento de 0,15% em fevereiro).