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Estado de Minas

Inflação estoura a meta e deixa o Banco Central sob pressão

IPCA sobe 0,47% em março e acumula 6,59% de alta em 12 meses, além da tolerância do governo. Planalto vê ponto fora da curva, mas já admite aumento da taxa básica de juros


postado em 11/04/2013 06:00 / atualizado em 11/04/2013 07:21

Inflação oficial do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou março com alta de 0,47%, abaixo dos resultados de fevereiro (0,6%) e janeiro (0,86%). A desaceleração, porém, não impediu o indicador de avançar 6,59% no acumulado dos últimos 12 meses, estourando o teto (6,5%) da meta (4,5%) pela segunda vez no governo Dilma Rousseff – a última vez que isso ocorreu foi em novembro de 2011 (6,64%). Os números mostram que o Banco Central perdeu para a inflação e agora terá de brigar para recuperar a credibilidade junto ao mercado e às famílias. Mas para o Palácio do Planalto o resultado não representa um fracasso da política monetária, o governo considera apenas o número de dezembro para medição da meta e avalia o desempenho de março como um ponto fora da curva.


A situação está pior para as famílias de menor rendimento: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que leva em conta os domicílios com renda de um a cinco salários mínimo (R$ 3.390,00), saltou 0,6% em março, fechando os últimos 12 meses em 7,22%. As altas são creditadas à disparada dos preços dos alimentos, em razão de problemas climáticos, como a seca no Nordeste brasileiro, e à alta do custo com os empregados domésticos.

Especialistas avaliam que a desaceleração dos preços trouxe um pouco de alívio ao governo, mas não descartam o aumento do juro já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), na semana que vem. A avaliação não é unânime, mas entre os que apostam na hipótese, a expectativa é o aumento da Selic, atualmente em 7,25% ao ano, para 7,5%, na semana que vem. A piora da inflação e o estouro da meta levaram o governo a aceitar uma elevação da taxa básica (Selic). Nos cálculos do Planalto, algo entre 1 e 1,5 ponto percentual até dezembro, o que levaria os juros de 7,25% ao ano para algo entre 8,25% e 8,75%.
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"Atingir o centro da meta (4,5%) em 2013 é quase impossível. O IPCA deve fechar o ano perto do teto (6,5%), se o governo for bem sucedido. É preciso reforçar atenção na inflação. Acredito na possibilidade do aumento da Selic (na próxima semana)", disse o economista Wandeley Ramalho, da Fundação Instituto de Pesquisas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da UFMG. O economista Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), acredita que o estouro da meta possa "gerar ações emergenciais", com a possibilidade de aumento da Selic para conter a inflação. Mas ele alerta: "Sinais de aumento de inflação no futuro e aumento da taxa Selic poderão reverter a proposta de crescimento da economia para 2013".

Capitais


O IPCA de 6,59%, o do acumulado em 12 meses, é a mediana do indicador apurado em 11 capitais. Em sete delas, o índice estourou o teto da meta previsto para 2013: Belém (9,19%), Fortaleza (8,11%), Recife (7,33%), Salvador (7,28%), Goiânia (6,7%), Rio de Janeiro (6,53%). A última capital é Belo Horizonte (6,62%), onde o índice fechou março (0,63%) acima da média nacional (0,47%). A inflação no primeiro trimestre na capital mineira (2,91%) também é maior do que a média das demais regiões em igual período (1,94%).

Mais uma vez, o grupo alimentação e bebidas é o grande vilão na alta dos preços. Para ter ideia, o preço do tomate, que disparou 122% no acumulado dos 12 meses encerrados em março, subiu 17% em BH no mês passado. "O maior aumento individual foi observado no repolho (28,6%), seguido pela cebola (26,08%), cenoura (17,99%). Também tiveram aumentos expressivos o mamão (15,48%), a laranja pera (13,48%) e o morango (13,21%)", comentou Luciene Longo, pesquisadora do IBGE.


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