O nível do emprego na indústria brasileira encolhe em relação ao ano passado, como ajuste do setor à produção em queda, embora com algumas exceções, a exemplo de Minas Gerais. Enquanto no Brasil as fábricas promoveram corte de 1,2% no quadro de pessoal em fevereiro frente ao mesmo mês de 2012, em Minas a variação foi positiva em 0,4%, sustentada por 10 dos 18 segmentos analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados que o instituto divulgou indicaram taxas ainda no azul, de 0,3% e 0,5%, respectivamente, para duas outras comparações no estado, nos períodos acumulados do ano e dos últimos 12 meses. Os indicadores acompanhados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), também publicados ontem, seguem na mesma direção, com aumento do emprego de 3,64% em relação a fevereiro do ano passado e de 4% neste ano.
Há dois anos a série de indicadores pesquisada pela Fiemg tem mostrado pequenos ajustes do nível do emprego para cima e para baixo, segundo Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Industrial e Econômica da entidade. Em fevereiro, o contingente de trabalhadores no setor caiu 0,7%, ao passo que o faturamento real da indústria desabou 13,12% em comparação a janeiro. O baque é minimizado por conta da base de comparação excepcionalmente alta de janeiro e o efeito das férias coletivas da Fiat Automóveis e seus fornecedores, com grande influência sobre o conjunto dos dados.
"O cenário para 2013 ainda é positivo e os números da indústria tendem a melhorar", afirma Lincoln Gonçalves. A restrição que o industrial vê ao crescimento do setor está numa eventual alta dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na próxima semana. A expectativa dos analistas financeiros é de que a taxa básica de juros, a Selic, que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio, suba como instrumento para o governo conter a inflação. "O grande impacto no custo de vida é de preços, que os juros mais altos não vão segurar. O problema está na sazonalidade dos alimentos e nas cotações das commodities (produtos e agrícolas e minerais) no mercado internacional", afirma o industrial.
ARMADILHA Não são os poucos os desafios para a indústria retomar o crescimento, para o economista Miguel Daoud, diretor da consultoria Global Financial Advisor. "O governo poderá aumentar os juros, mas se mantiver o câmbio será pior, porque o efeito será anular as medidas recentes para estimular o crescimento. Estamos numa armadilha fiscal, cambial e monetária", afirma.