O preço dos alimentos continua a pesar no bolso do consumidor brasileiro, respondendo por 60% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou 0,47% no mês passado, apesar de terem registrado desaceleração na comparação com mês anterior. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesse grupo o avanço dos preços passou de 1,45% em fevereiro para 1,14% em março. Mesmo assim, o item alimentação respondeu por 0,28 ponto percentual da taxa de inflação. O preço que mais aumentou foi o da cebola, que ficou 21,43% mais cara no país em março do que em fevereiro. No ano, o produto já acumula alta de 54,88%, e em 12 meses de 76,46%. No acumulado de 12 meses, a farinha de mandioca (151,39%) e o tomate (122,13%) são os maiores vilões da inflação.
Para Irene Maria Machado, gerente de Pesquisa do IBGE, o avanço do item alimentação na composição da inflação é culpa do clima. "Em alguns casos faltou chuva, em outros choveu mais do que deveria", explica. Entre os produtos que compõem o item alimentação do IPCA, o tomate e a batata são os que mais pesam, com 0,33% e 0,25% do índice. Já a cebola responde por 0,15% e a cenoura por 0,06%. Na tarde de ontem, o advogado Darci Alves da Silva aproveitou que estava próximo do sacolão ABC do Horto para comprar produtos mais em conta. "Sempre que venho ao presídio perto daqui aproveito para comprar alguma coisa. Os produtos são de ótima qualidade. O preço do tomate está chegando a R$ 8 ou R$ 9 nos supermercados. Os preços daqui são sempre mais em conta". Pelo quilo do produto ele pagou R$ 3,99.
Desoneração
O efeito da desoneração de itens da cesta básica, anunciada pelo governo no início de março, ainda não pode ser percebido com clareza sobre o IPCA, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. "Com certeza algum efeito houve no sentido de reduzir taxa de crescimento em produtos específicos, tanto que vários produtos desaceleraram (o ritmo de aumentos). Mas outros eventos ocorreram", afirmou.
Entre os produtos alimentícios que se destacaram como as principais quedas no IPCA de março estão itens beneficiados pela medida do governo, como açúcar cristal (de - 1,76% em fevereiro para - 1,91% em março), carnes (de -0,13% para - 1,63%), óleo de soja (de - 0,84% para - 1,53%) e açúcar refinado (- 2,82% para - 1,06%). "São itens que estão na lista da desoneração e já vinham caindo em março. Houve uma ajuda da desoneração”. Entre os itens de higiene que tiveram desoneração, apenas os preços da pasta de dente caíram em março (a queda foi de 0,41%, ante aumento de 1,56% em fevereiro). O papel higiênico subiu 1,92% (ante alta de 0,89%), enquanto o sabonete ficou 0,48% mais caro (após aumento de 0,15% em fevereiro).
Confira os endereços dos sacolões ABC em BH