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Estado de Minas

Antigos sócios da Biobrás vão retomar a fabricação de insulina em Minas Gerais

Iniciativa conta com um empurrão dos governos federal e estadual


postado em 14/04/2013 06:00 / atualizado em 14/04/2013 07:29

Em dois anos, o Brasil poderá deixar para trás as dificuldades de abastecimento de insulina, hormônio humano responsável pela redução da taxa de açúcar no sangue, indispensável para o controle da glicemia dos diabéticos. Junto com os problemas de logística, deverá ficar no passado a vulnerabilidade do país em relação aos preços do medicamento praticados no mercado internacional. Para isso, pouco mais de uma década depois de ser criada, a Biomm Technology, que nasceu como sucessora da Biobrás, e concentrou-se no desenvolvimento tecnológico e na comercialização internacional desse conhecimento, vai pisar outra vez o chão de fábrica para produzir insulina em Minas Gerais. Para isso, conta com um empurrão dos governos federal e estadual.

A fábrica será instalada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com investimentos de R$ 330 milhões e deve entrar em operação no fim de 2014. Entre os sócios da empresa estão os empresários Walfrido dos Mares Guia e Guilherme Emrich – que há 12 anos venderam a Biobrás para a Novo Nordisk –, o BNDES Participações (BNDES Par), detentor de 25,42% das ações preferenciais, e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BMDG), com 8,8%. O laboratório será, ao lado do ucraniano Indar, que fechou contrato de cooperação com o Ministério da Saúde (MS) por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela volta da produção do hormônio em território nacional. A iniciativa deixará quase 1 milhão de diabéticos no país mais tranquilos, que dependem da insulina entregue de graça na rede pública para viver.

Somente o contrato com o Indar, que também fabrica insulina recombinante, vai suprir 50% da demanda do mercado público de insulina. Na assinatura do acordo, em 2007, o MS estimava economizar mais de R$ 300 milhões em quatro anos. O diretor do Farmanguinhos à época da assinatura do contrato, Eduardo Costa, diz que o mercado mundial de insulina naquele ano vivia um oligopólio com apenas três fabricantes, dois dos quais atendiam ao MS – a Novo Nordisk e a Lilly. Agora fabricantes chineses já participam das licitações promovidas pelo ministério.

"Comprada a Biobrás, a Novo Nordisk fez o que se esperava. Elevou rapidamente seus preços de fornecimento ao MS e passou a combinar importação e produção local, dependendo de suas vantagens em função dos compromissos internacionais até a paralisação total da produção local", diz Hayne Felipe da Silva, atual diretor da Farmanguinhos. A Novo Nordisk diz que produz em sua fábrica de Montes Claros, no Norte de Minas, o cristal de insulina e faz também o envasamento do medicamento.

De acordo com Silva, um mês após a assinatura do contrato com o laboratório ucraniano, em março de 2007, houve nova licitação para aquisição de insulina e, sem que nenhum outro fato justificasse, as duas empresas baixaram seus preços, que caíram quase pela metade. Segundo ele, o valor saiu de R$ 17,35 para R$ 9,19, no caso da Novo Nordisk, e para R$ 9,18, no da Lilly. Na última compra, feita em 2012, o preço tinha caído mais ainda, chegando em torno de R$ 4,60. "Mesmo com a queda de preços, mantivemos a decisão de fabricar o produto no país. É estrategicamente importante manter soberania na produção de um insumo para atacar uma das doenças de maior impacto epidemiológico no país e não ficar à mercê do mercado estrangeiro", explica.

A Biobrás, fundada em 1976 pelo cientista Marcos Mares Guia e pelo engenheiro Guilherme Emrich, foi comprada pela dinamarquesa Novo Nordisk por US$ 75 milhões em dezembro de 2001, mas a transação só foi liberada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em agosto de 2003. A empresa dominava o mercado nacional de insulina recombinante – insulina humana produzida em bactérias transgênicas – e faturava na época cerca de R$ 50 milhões ao ano. A Biobrás tinha mais acionistas do que funcionários. No auge da operação, eram 500 empregados e 600 acionistas.


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