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Estado de Minas

Governo dá sinal verde para Banco Central elevar juros

Presidente Dilma admite pela primeira vez alta da Selic, mas FMI reduz PIB para 3% e amplia o dilema do Copom


postado em 17/04/2013 06:00 / atualizado em 17/04/2013 07:18

Um dia antes de o Banco Central decidir se eleva a taxa básica (Selic), hoje em 7,25% ao ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as projeções de crescimento mundial e afirmou ainda que há mais espaço para afrouxamento monetário, enquanto a presidente Dilma Rousseff admitiu pela primeira vez uma elevação nos juros. O FMI mudou a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta de 3,5% para 3,3% e, do país, de 3,5% para 3%. Diante desses dados, da queda dos preços das commodities (produtos básicos) e da iminência de uma alta de juros, o Brasil, segundo analistas, se vê na contramão. Enquanto o mundo reduz suas taxas em busca de crescimento, a autoridade monetária do país se vê obrigada a desacelerar uma economia que não cresce.

Para técnicos do governo, porém, as estatísticas mostram que “os ventos se inverteram” e começam a soprar a favor da política econômica, situação que pode exigir um aperto monetário menor que o esperado pelo mercado. As apostas deles, inclusive, são de um ajuste único – de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 –, elevação que seria suficiente para conter a deterioração das expectativas. A avaliação no Palácio do Planalto é de que a dose do remédio pode ser menor que o esperado em função da desaceleração do custo de vida em abril e em maio e ainda em decorrência da piora das perspectivas da economia mundial.

Não à toa, a presidente Dilma, em discurso durante a cerimônia de lançamento da retomada da produção nacional de insulina no Brasil, ontem, em Belo Horizonte, defendeu, pela primeira vez, um aumento nos juros. Depois de voltar a criticar o “pessimismo especializado” e o “pessimismo de plantão” daqueles que “nunca valorizam as conquistas do Brasil”, mas olham a economia como se “a catástrofe” fosse “amanhã”, Dilma afirmou que se for necessário mexer nos juros para o combate à inflação, numa eventual elevação, as taxas não voltarão aos dois dígitos do passado. “Nós jamais voltaremos a ter aqueles juros em que qualquer necessidade de mexida elevava para 15%, porque estava em 12%. Hoje temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade para combate à inflação será possível num patamar bem menor”, acrescentou.

Em defesa à estabilidade econômica, Dilma considerou o combate à inflação “uma conquista dos últimos dez anos” do seu governo e o de Lula. “Nós não negociaremos, não teremos o menor problema em atacá-la sistematicamente. Queremos que este país se mantenha estável, porque a inflação corrói o tecido social, corrói para o trabalhador, para o empresário o seu lucro legítimo”, disse. Declarando-se “otimista” com o país, Dilma afirmou não haver “a menor hipótese” de a economia não crescer este ano. “Tenho certeza que vamos colher aquilo que plantamos. E plantamos muitas sementes”, afirmou.

No mercado

Apesar do otimismo presidencial, uma ala do governo teme ainda que diante desse cenário a autoridade monetária exagere na dose. No mercado futuro, a despeito do debate interno do governo, não resta dúvidas, sobretudo depois das declarações da presidente Dilma: hoje, os juros sobem em 0,50 ponto percentual. O movimento de elevação da taxas, que teve início na sexta-feira depois das declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, se consolidou ontem com as falas da presidente.

 A perspectiva dos operadores é de que os juros cheguem a 8,50% ao ano até o fim de 2013.Mesmo com a expectativa de elevação de juros e do discurso mais duro do governo contra a piora do custo de vida, o FMI se mostrou pessimista com a inflação brasileira. Segundo a instituição, em 2013, a carestia no país deve bater em 6,1%, valor próximo do limite de tolerância, definido em 6,5%.

Segundo Thomas Helbling, um dos chefes do Departamento de Pesquisa do FMI, a economia brasileira está próxima de seu crescimento potencial, situação que deve gerar pressão inflacionária. Para ele, à medida que o PIB do país crescer, a política monetária será questionada. Ele lembrou ainda que a inflação se encontra no teto da meta e que isso é um problema. “A inflação está no limite superior da banda. Na medida em que o crescimento começar a melhorar, a atual política monetária será questionada no sentido de que a taxa de juros está abaixo do que consideramos o patamar neutro (valor que permite crescer sem gerar inflação”, observou Helbling.


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