A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamentou nesta quarta-feira que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) "tenha optado pelo caminho de combate à alta inflacionária com maiores danos à atividade produtiva", ao decidir elevar a taxa de juros Selic em 0,25 ponto porcentual. Em nota, a CNI reconhece a importância do controle da inflação, mas lamenta a opção escolhida pelo BC.
"A indústria mostra desempenho abaixo do esperado no início do ano, dando continuidade à situação negativa do fim de 2012", destaca a CNI, ressaltando que a alta dos juros é "extremamente prejudicial à indústria, setor de maior capacidade de recuperação e de melhor contribuição para o crescimento da economia, mas que já vem sendo atingido por custos crescentes".
Para a entidade, esse novo ciclo de alta dos juros que se inicia hoje vai afetar a confiança do empresário e comprometer investimentos, "cuja elevação considera essencial para reativar a economia". "A CNI avalia que uma política econômica baseada em aumento dos gastos públicos e alta dos juros tem pouco impacto nas pressões inflacionárias", destaca a nota. Segundo a entidade, essas pressões estão concentradas "nos preços dos alimentos e nos preços dos serviços, estes últimos não influenciados pela concorrência internacional e, portanto, estimulados pela demanda parcialmente aquecida". Ao final, a CNI ainda alerta para outra consequência da alta dos juros, a valorização cambial em razão da maior atração do dólar pelo juro mais elevado. "O resultado dessa combinação de políticas gera o pior cenário, que é inflação alta e crescimento mínimo", conclui a CNI.
Fiesp
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, classificou como "equivocada" a decisão de elevar os juros. "Da mesma forma que ninguém quer o aumento da inflação, o Brasil não precisa de aumento de juros, mas de aumento de produção", afirmou ele, em nota.
De acordo com Skaf, o Brasil não pode abrir mão do controle da inflação, mas deve superar a política econômica do uso exclusivo da taxa de juros. "A nova política econômica deve ousar no sentido de aumentar os investimentos públicos, controlar os gastos de custeio, criar um ambiente favorável ao investimento privado e, de forma corajosa, finalizar as reformas que promovam a desindexação da nossa economia."
Segundo a nota, em 2013 os gastos federais em custeio, excluídos os referentes ao programa Minha Casa Minha Vida, apresentam crescimento real de 20%, enquanto os investimentos caem 1%. "Claramente, aqueles que neste momento e com essa conjuntura econômica buscam restringir o debate à taxa de juros estão defendendo seus próprios interesses, e não o desenvolvimento do Brasil", afirmou Skaf.