Apontado como o vilão da inflação, o preço do tomate começou a perder força e agora virou alvo de promoções nos supermercados. Nesta quinta-feira, o quilo do produto é vendido por R$ 3,98 em duas redes de Belo Horizonte. Na semana passada o produto era facilmente negociado por até R$ 10, o quilo. No acumulado de 12 meses até março, o preço do tomate subiu 122,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que apura a inflação oficial (IPCA).
Para Leonardo Lourenço de Oliveira, comprador do setor de Hortifrutigranjeiros do Supermercados BH, foi a atitude do consumidor que contribuiu para a derrubada dos preços. “Houve muita resistência ao consumo e o preço caiu quase 100% . Para o fim de semana, teremos um valor menor, com queda de até R$ 1,50 por quilo ”, avisa.
O movimento de queda de preços do tomate também foi constatado no atacado. Hoje, uma caixa de 20 quilos é vendida por R$ 45 na Ceasa Minas. Segundo o chefe da Seção de Informações de Mercado, Ricardo Fernandes, em 4 de abril, a caixa do mesmo tamanho era repassada ao varejo por R$ 75 e no dia 11 a R$ 60. Ainda de acordo com os dados apurados pela Ceasa Minas, a redução do tomate foi de 40% em 15 dias. “A oferta melhorou e o volume de saída do produto para outros estados diminuiu também, fazendo com que os preços caíssem”, explicou. Sobre a previsão de mais reduções, Fernandes acredita que os preços tendem a cair ainda mais, mas não aos níveis praticados no ano passado.”Os preços muitos baixos não cobrem os custos de produção, o que desestimula o produtor”.
Leite vai subir
De acordo com o diretor-executivo do Sindicato da da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, a tendência é de alta para os próximos meses, mas nada comparado ao preço do tomate. “São produtos completamente diferentes. Há uma relativa estabilidade na produção do leite e a influência climática pode até reduzir ou aumentar o preço final, mas não aos níveis como aconteceu com o tomate e outros produtos agrícolas. A alta ao consumidor será digerível”, disse.
Ele explica que vários fatores contribuem para o reajuste, entre eles a chegada da entressafra em maio, a disparada dos custos da produção, além das questões climáticas. “Na entressafra a produção é reduzida com oferta de leite restrita, o que obriga a indústria a rever as previsões e a repassar os custos ao varejo e consequentemente ao consumidor”, diz.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o leite já subiu 1,76% em março, sendo que no acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 0,93%. O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) , Pierre Vilela, afirma que o preço do litro pago ao produtor mineiro deve subir 10% entre maio e junho. “Já temos preços acima de R$ 1 pagos ao produtor, sendo em março, o litro era vendido por R$ 0,91”, mas acredito que a indústria vai absorver os custos para não repassar para o varejo”, disse.