O cenário atual da economia na América Latina coloca o Brasil entre os países da região com inflação elevada e baixo crescimento, ao lado de um grupo pouco atraente aos investidores externos: Argentina, Venezuela e Uruguai, revela um estudo feito pelo banco HSBC sobre o panorama econômico latino-americano. Enquanto a Venezuela deverá ter queda no Produto Interno Bruto (PIB) e a Argentina atravessa um cenário de estagflação mais crítica neste ano, Brasil e Uruguai estão em uma situação menos pior que os dois primeiros por possuírem uma taxa de inflação na casa de um dígito.
Esses quatro países contribuirão para o baixo crescimento regional, que será de 2,9%, este ano, e de 3,7%, no próximo, de acordo com o estudo do HSBC. Da mesma forma, a média de inflação na América Latina ficará, respectivamente, em 8,4% e em 8,1% no mesmo período. Peru, Colômbia, Chile, Panamá e México estão no bloco dos que possuem economias mais estáveis atualmente. Para o Brasil, Loes prevê alta de 2,6% no PIB deste ano, bem menos do que o esperado pelo governo (3,1% conforme a previsão do Banco Central). A inflação prevista para este ano é de 5,5%, passando para 6,3% em 2014, quando o país deverá crescer 3%, uma das menores taxas de expansão da região.
Na avaliação do economista do HSBC, o problema do baixo crescimento brasileiro está relacionado com a piora do sentimento do empresário instalado no país, apesar da desoneração da folha de pagamentos e da redução dos custos de energia elétrica. “O governo entendeu que parte do esforço era a redução do custo de produção no Brasil e partiu para as desonerações, imaginando que o sentimento empresarial melhorasse e refletisse em crescimento, mas isso não ocorreu”, afirmou.
Falta confiança
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou recentemente que as desonerações neste ano serão de R$ 70 bilhões e no próximo, de R$ 88 bilhões. “As políticas expansionistas, tanto fiscal quanto monetária, não refletiram em alta do PIB porque o empresário ainda não está confiante para investir. Além disso, o aumento na taxa de juros precisa ser grande para segurar a inflação neste ano e no próximo para assim dar mais confiança ao mercado", completou Loes.
O economista da Tendências Rodolfo Oliveira considera que o Brasil está fora dos dois grupos mais críticos e mais estáveis. No entanto, ele reconhece que o governo precisará agir mais para segurar a inflação. “Nesse ritmo, a política monetária não vai conseguir trazer a inflação para o centro da meta sozinha e a tendência é que fique nesse nível ou piore nesses dois anos”, alertou.