Washington – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acusou ontem os Estados Unidos e os países europeus de agirem contra “a legitimidade e a credibilidade” do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao barrarem a reforma para ampliar o peso político dos países emergentes no organismo multilateral. Pelo segundo dia seguido, ele usou como principal argumento para a sua crítica o adiamento de mudanças no FMI, previstas para serem concluídas em outubro de 2012.
“O obstáculo para a entrada em vigor da reforma de 2010 foi o atraso na ratificação por parte do Congresso dos Estados Unidos”, afirmou ele durante a sessão plenária do Comitê Monetário e Financeiro (IMFC, na sigla em inglês), principal órgão do Fundo. O ministro insistiu que “os principais acionistas da instituição” estariam, “talvez inconscientemente”, jogando com a confiança externa no Fundo. O FMI abriu sexta-feira e encerrou ontem sua assembleia anual conjunta com o Banco Mundial (Bird), com a participação de mais de 200 ministros de finanças e presidentes de bancos centrais.
Para o ministro, a maior dificuldade em atender ao antigo pleito de revisão da fórmula de cotas, que atribui a cada membro um peso específico na instituição, está na “resistência à mudança” por parte de países europeus, interessados em preservar sua atual posição de destaque. “Os EUA são incapazes e a Europa não está disposta a cumprir com reformas previstas”, atacou.
Mantega voltou a dizer que a estrutura de poder do organismo multilateral reflete ainda, em grande parte, a configuração mundial após a Segunda Guerra, quando foi criado. O arranjo, a seu ver, destoa da realidade atual, com evidente importância ganha pelos mercados emergentes, como China, Índia e Brasil. “Os países europeus têm excessivo peso no FMI e parecem extremamente reticentes a ajustar o seu poder de voto às mudanças na economia global”, reclamou.
Acordo O ministro destacou o fato de ter deflagrado movimento para aumentar os recursos disponíveis do FMI, amparado com a promessa de “reajuste do poder de voto na instituição”, e que os emergentes “fizeram sua parte”. “Esse acordo foi desrespeitado, apesar de os emergente terem feito a sua parte”, protestou.