A Petrobras terminou de registrar suas importações em atraso e a conta chegou a US$ 4,5 bilhões. Esse valor corresponde ao que a estatal deixou de contabilizar em 2012 e que só agora apareceu na balança comercial. Se o valor tivesse sido computado no ano passado, o superávit do País teria sido 23% menor que o oficial.
O estrago na balança provocado pelo descompasso é significativo este ano. De janeiro até 19 de abril, o Brasil importou, no papel, impressionantes US$ 15,06 bilhões em petróleo e derivados. Na realidade, as compras externas do produto foram de US$ 10,56 bilhões, um volume ainda assim significativo.
Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, que repassou dados fornecidos pela Petrobras, a estatal foi registrando as importações a conta gotas: US$ 1,6 bilhão em janeiro, US$ 860 milhões em fevereiro e US$ 182 milhões em março. A expectativa é de que o US$ 1,9 bilhão restante apareça em abril, mas o ministério espera fechar o mês para confirmar. As indicações são de que isso já ocorreu por causa do volume de importações neste mês. Só na terceira semana de abril, o País importou US$ 3 bilhões em combustíveis. O valor chega a R$ 3,75 bilhões até o dia 19.
Confusão
A confusão começou em julho de 2012, quando a Receita deu 50 dias de prazo para a Petrobras registrar importações. A partir daí, o balanço da estatal mostrava alta nas importações de combustíveis, impulsionadas pelas vendas de carros com incentivos fiscais, enquanto a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontava queda.
A estatal chegou a estourar o novo prazo porque, se os registros feitos este mês se referem a embarques de dezembro de 2012, a diferença é de mais de 120 dias. Os registros atrasados da Petrobras estão agravando o rombo provocado pelos combustíveis na balança comercial. Para Fábio Silveira, da GO Associados, o déficit da conta petróleo pode chegar a US$ 12 bilhões este ano.