O conteúdo da ata do Copom divulgada nesta quinta-feira, 25, pelo Banco Central configura uma combinação do teor do comunicado que se seguiu ao término da reunião do colegiado na quarta-feira da semana passada e do discurso feito pelo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva.
Na palestra promovida pelo banco JP Morgan, durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, na semana passada, o diretor justificou o seu voto contrário à elevação da Selic com o argumento de que teria votado contra mais por uma questão de timing do que por diagnóstico.
A elevação da Selic em 0,25 ponto porcentual, de 7,25% para 7,50% ao ano, se deu sob um placar de seis votos a favor da alta e dois pela manutenção. Além de Awazu, o outro diretor que foi voto vencido no Copom foi o de Política Monetária, Aldo Mendes.
Segundo Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, o encadeamento dos parágrafos 28 e 29 da ata representa a síntese da combinação do comunicado com a fala de Awazu. No tópico 28, de acordo com o economista, está o comunicado e, no seguinte, a formalização do discurso do diretor de Assuntos Internacionais do BC.
A ata, segundo o economista, dá a entender que o a elevação da Selic na semana passada é o início de um ciclo de aperto monetário, mas que o BC não se compromete com este ciclo. "Alta de juro é consenso no Copom, mas o BC não se compromete com uma nova elevação", diz.
Para ele, a ata deixa a questão tão em aberto que credencia o BC até a não aumentar mais a Selic. "Antigamente quando o BC indicava um início de ciclo, ele se comprometia com ele. Agora ele não se compromete e deixa a porta aberta para até mesmo não se elevar mais a Selic", completa.