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Estado de Minas

Juros vão subir, sinaliza Copom

Ata e fala de diretor do Banco Central sinalizam novo aumento na taxa Selic na próxima reunião do comitê


postado em 26/04/2013 06:00 / atualizado em 26/04/2013 08:10

Brasília – O Banco Central vai continuar a subir a taxa de juros em maio. Esse é o principal recado da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril e do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo. O executivo, durante discurso em São Paulo, foi mais enfático que o documento divulgado pelo BC e causou reações no mercado futuro, em que cresceram as apostas de alta da taxa básica (Selic), hoje em 7,5% ao ano. No jargão dos economistas, Hamilton trocou a plumagem de pombo por uma de falcão, passou a ser classificado como hawkshi, termo em inglês que adjetiva as autoridades monetárias mais severas com a carestia. O Banco Central, na ata, deixou claro ainda que a atual política monetária tem como alvo a inflação em 2014, cuja projeção foi elevada frente a reunião anterior do Copom.

Depois da divulgação de uma ata que foi considerada coerente com a decisão tomada pela diretoria do BC na reunião da semana passada, que enfatizou mais uma vez a necessidade de cautela na condução da política monetária, Carlos Hamilton surpreendeu e atacou a inflação. “Gostaria de registrar que cresce em mim a convicção de que o Copom poderá ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária (da taxa Selic)”, afirmou

As palavras tiveram efeito imediato no mercado futuro, que aumentou as apostas para a reunião do Copom de maio. A fala do diretor foi também alvo de críticas. Para alguns economistas, gerou ruído e dúvidas quando comparada ao teor da ata da reunião do Copom. Enquanto o documento sugere uma elevação de 0,25 ponto percentual no próximo mês, o discurso de Carlos Hamilton abre portas para um aperto maior, de 0,5 ponto percentual. “Não surgiu nada nas últimas semanas que justifique uma intensificação do aperto monetário, pelo contrário”, argumentou Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista da gestora de recursos Franklin Templeton. “A ata foi coerente com a decisão. A surpresa ficou para o Carlos Hamilton”, disse.

Contradição


Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, considerou a fala de Carlos Hamilton contraditória à cautela que, na visão dele, permeia todo o texto da ata da reunião do Copom. “O BC se tornou expert em dar sinais contraditórios”, criticou. “Depois de uma ata dovish vem o Carlos Hamilton e dá uma declaração desse quilate”, disse. Para os analistas, a despeito do respeito que o diretor tem dentro do Banco Central, a fala dele pode ter sido apenas uma visão pessoal de que a inflação exige medidas mais duras, não uma posição do colegiado.

Na fala do diretor, chamou a atenção ainda o cálculo de potencial de crescimento para o Brasil. Segundo ele, devido ao nível de investimentos do país, a economia tem condições de crescer apenas em torno de 3,1%, a previsão oficial da instituição. Na visão dele, se o Produto Interno Bruto (PIB) for maior que isso, crescem também as pressões inflacionárias. Ele projetou ainda que o país avançou 1% no primeiro trimestre de 2013, o equivalente a 4% em termos anualizados.


O diretor listou ainda os motivos para a inflação estar elevada e ter estourado o teto da meta, de 6,5%, em março. Na lista descrita por ele, apenas um motivo não pode ser considerado de responsabilidade do governo: os choques desfavoráveis domésticos e externos. Todos os outros elementos que pioraram o custo de vida no último ano ocorreram por causa de decisões da equipe econômica, como a desvalorização do real frente o dólar, o aumento do salário mínimo acima da produtividade, a política fiscal expansionista e a política monetária de redução de juros.


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