São Paulo — Pressionado pela redução das margens de ganho na concessão de crédito, mas beneficiado, em contrapartida, pela diminuição dos gastos com a inadimplência dos clientes, o Itaú Unibanco, maior instituição financeira privada do país, manteve praticamente estável seu lucro líquido no primeiro trimestre. O resultado de R$ 3,47 bilhões, divulgado ontem, é 1,4% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor corporativo de Controladoria do Itaú, Rogério Calderón, o balanço refletiu a opção do banco por trabalhar com linhas mais seguras — como o crédito consignado e o financiamento imobiliário —, que oferecem margens mais estreitas. “Os números são efeito de mudança do mix de carteira, em que mudamos de riscos maiores para menores”, disse.
Eles assinalaram também a forte retração, de 37,6%, da margem das operações de tesouraria, aquelas feitas com outros integrantes do mercado. O ponto positivo da estratégia adotada pela instituição foi a redução do índice de inadimplência, que caiu para 4,5%, o menor nível desde o segundo trimestre de 2011. Com isso, as despesas com provisões recuaram 20,5%, ajudando a turbinar o resultado.
A melhora da qualidade da carteira não impediu, porém, que o retorno sobre patrimônio líquido, um indicador de rentabilidade, recuasse para 18,9%, ante 19,3% no mesmo período de 2012. O Itaú também não escapou da tendência de enfraquecimento dos lucros dos bancos, que têm sofrido com a pressão do governo para reduzir o custo dos financiamentos e com a atividade econômica ruim. Na semana passada, o Bradesco e o Santander Brasil já haviam divulgado resultados abaixo das expectativas. “Reiteramos nossa visão cautelosa sobre o setor bancário brasileiro”, destacaram os analistas do BTG.,
Os investidores, no entanto, reagiram positivamente ao balanço. Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações preferenciais da instituição subiram 2,56% e as ordinárias 2,10%. “Os resultados do Itaú são consistentes com nossa visão de que o banco deve ser capaz de compensar a compressão da margem líquida de juros com a melhoria da qualidade de ativos e ganhos de eficiência operacional”, disse Mário Pierry, chefe de Pesquisa de Renda Variável do Deutsche Bank Securities.
Bolsa sobe
A ação de investidores estrangeiros na ponta compradora garantiu um pregão de ganhos à Bovespa, que, finalmente, conseguiu retomar o patamar de 55 mil pontos. O resultado de ontem, influenciado pela Embraer, também aliviou as perdas acumuladas em abril, que foi o melhor mês de 2013, embora negativo. O Ibovespa terminou a sessão em alta de 1,86%, a 55.910,37 pontos. No mês, terminou em baixa de 0,78% e, em 2013, cai 8,27%.
Já sinais mais otimistas sobre a economia dos Estados Unidos e a disputa pela formação da Ptax ajudaram a manter o dólar em baixa ante o real. A moeda norte-americana à vista no balcão fechou em queda de 0,20%, a R$ 2,0020.