O show do ex-beatle Paul McCartney está levando fãs ao topo da emoção e o comércio a um dia de recordes. Bares, restaurantes e até mesmo autônomos nas imediações do Mineirão estão comemorando a temporada de grandes eventos no estádio, mas é na noite deste sábado, e ao som de Let it be, que eles esperam registrar o maior faturamento do ano. Para isso, empresários investiram em cardápio especial e promoções montadas especificamente para o dia. Alguns vão chegar ao ponto de vendas com 24 horas de antecedência e esperam vender até quatro vezes mais do que um dia normal.
E qual transporte você vai usar para ir ao show do Paul? Como vai vestido para o evento? Se você ainda não se programou e pretende ir a caráter, é bom apressar-se. Sobraram poucas empresas de vans para levar os fãs até o show e as camisetas nas lojas estão se esgotando. O artista plástico Rogério Fernandes já colocou à venda seu terceiro lote de camisetas alusivas aos Beatles, com imagem dos quatro integrantes da banda e letra da música Strawberry Fields. “As vendas surpreenderam”, afirma Fernandes. Ele fabricou primeiro 30 unidades, depois mais 30 e na reta final mais 30. Cada camiseta foi vendida a R$ 89.
Mateus Bernardes é proprietário do Spoleto/Koni, primeira loja inaugurada na galeria do Mineirão, que no futuro deverá contar com cerca de outros 10 estabelecimentos. O show do inglês Elton John foi uma boa introdução ao negócio que envolve as grandes plateias, mas é na apresentação de Paul McCartney a grande prova de fogo. “Esperamos vender cerca de 700 pratos durante o show”, diz Bernardes. O crescimento frente ao último grande evento é de 30% e, para atender a demanda recorde, o modelo de atendimento também foi modificado. Dos mais de 30 pratos servidos, entre massas, saladas e temakis (comida japonesa vendida em cones), o cardápio ficará reduzido a três opções de massas e três asiáticos, servidos em descartáveis. Cada refeição com bebidas tem custo médio de R$ 20. “O público desse tipo de show é muito bom”, aposta o empresário. Segundo ele, a torcida agora é para que o Mineirão se consolide como grande espaço de entretenimento.
Esquenta
Inaugurado em agosto de 2010, o Bar e Restaurante Juscelino, a poucas quadras do estádio, montou atendimentos especiais para o público do show. O cardápio foi reformulado para atender especialmente aos fãs do beatle. “Perto de mil pessoas devem passar por aqui antes e depois do show. Estamos de cara para o gol”, comemora o sócio-proprietário do Juscelino Fabiano Fagundes. Ele lembra que, antes do jogo do Brasil, a casa chegou a ter 300 pessoas na fila de espera. Para o show de McCartney, fãs podem escolher o cardápio do evento, com petiscos e bebidas selecionadas. O chamado “esquenta” tem duração de quatro horas e custa R$ 150. A casa tem capacidade para 750 pessoas e espera dobrar o faturamento com o show do ex-beatle.
E para não perder o ponto de ouro, Elizeth Vitória e Edson Ribeiro vão estacionar o trailer de lanches que mantêm em parceria, nas proximidades do Mineirão, um dia antes do ex-beatle aterrissar no estádio. Tudo para garantir a vaga. Apesar da concorrência acirrada, os sócios têm o faturamento como certo. “Vamos vender no mínimo quatro vezes mais no sábado.” Essa será também a maior venda da história da Elizete Lanches. A dupla pretende comercializar perto de 500 sanduíches de pernil e pelo menos 400 espetinhos, isso para falar dos produtos carro-chefe do trailer. Elizeth garante que em dias de grande demanda, no seu lanche não há pressão inflacionária. “Cada sanduíche de pernil custa R$ 6, hoje e no dia do show, garantiu ela na terça-feira.”
Show de Paul McCartney
» Local: Mineirão
» Início do show: 21h30
» Abertura dos portões: 17h30
A organização do evento pede que as pessoas usem o transporte público para ir ao show
Linhas de ônibus: 64; 67; 503; 504; 2004
Ponto de táxis: dois pontos de táxi na Avenida Oscar Paschoal e na Avenida Presidente Carlos Luz (Catalão), esquina de Av. Antonio Abraão Caram.
Demanda maior eleva preços e vendas
Quem pretende ir ao show de Paul de van e ainda não fechou o serviço pode ter que pagar até 66% a mais. Em períodos normais, a Renato Vans costuma cobrar R$ 330 do trecho da Savassi até o Mineirão (ida e volta). Para o show do Paul, o valor vai saltar para R$ 550. “A procura está muito grande. Se eu quisesse, poderia ter fechado há duas semanas a van, mas iria ganhar menos”, afirma Renato Cardoso Araújo, proprietário da Renato Vans, que trabalha com transporte em viagens, passeios, festas, shows e para aeroportos. Na van cabem 18 pessoas e, segundo Araújo, é alternativa para fugir dos possíveis transtornos com táxis. “No show do Elton John, os táxis não conseguiam chegar nem perto do Mineirão na volta, pois sai todo mundo ao mesmo tempo”, diz Araújo.
A Felippetur Transportes tinha reservado uma van (com capacidade para 18 pessoas) para levar os fãs ao show de Paul. Mas com a demanda elevada, decidiu trocar o transporte para ônibus, que pode transportar 58 pessoas. “A procura está grande, tem gente me ligando de outros estados, como Rio de Janeiro e Goiás”, afirma Felippe Augusto Couto Silva, proprietário da empresa.
Na PG&B, de roupas masculinas, femininas, infantis e acessórios, as vendas de camisetas dos Beatles triplicaram nos últimos dias. “Fizemos para o show mais três modelos dos Beatles e uma do John Lennon. Já esvaziamos o estoque. Vendeu praticamente tudo, principalmente a feminina, afirma a supervisora da loja, Majo Siqueira. Na loja O Ovo, o boneco de Paul McCartney, vendido a R$ 99, também teve procura maior com o show. “Quando as pessoas têm um ídolo, elas querem ter tudo que faça referência a ele”, diz Renato Delboni, proprietário da empresa.
Na loja da Mercado, a procura pela regata com a estampa do Yellow Submarine (álbum trilha-sonora lançado pelos Beatles, que corresponde ao filme de mesmo título) cresceu entre 30% e 40% nos últimos tempos. “Está vendendo bem em função do show. Tanto é que sobraram poucas unidades. A masculina acabou”, diz Rebeca Castro, gerente da loja. Thaila de Castro, de 24 anos, foi nesta semana procurar uma camiseta dos Beatles para usar no show. “Amo os Beatles. Quero ir com uma camiseta para demonstrar o meu carinho por eles”, diz.
Além de camisetas, os fãs ajudaram a aquecer ainda o mercado de CDs. Na Loja Acústica, na Savassi, o novo CD do Paul , Kisses on the bottom, esgotou. “Vendemos mais de 70 peças. O show foi um incremento para dar longevidade às vendas”, afirma Humberto Moreira, proprietário da loja. Segundo ele, muitas pessoas nunca nem escutaram falar sobre Paul McCartney, mas acabam pegando “carona” nos comentários e popularidade do show.