A poucas horas da última etapa na eleição para a Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro diz já ter conseguido votos suficientes para eleger Roberto Azevêdo o novo diretor-geral do órgão. Dentro da própria OMC, a avaliação é que, se realmente atingiu os 106 votos que contabiliza, o Brasil já venceu a disputa, salvo alguma enorme surpresa de última hora. Na reta final da acirrada disputa pelo cargo, que terá o resultado anunciado amanhã, a presidente brasileira Dilma Rousseff e o mexicano Enrique Peña Nieto entraram na briga, tentando reverter votos e encontrar os últimos apoios. Os mexicanos buscaram a interferência do presidente americano, Barack Obama, enquanto o Brasil procurou garantir mais votos europeus.
Na última semana, Dilma conversou com o presidente francês, François Hollande, que prometeu apoiar Azevêdo nessa última etapa. A França havia votado pelo mexicano Herminio Blanco na última fase. O Itamaraty, no entanto, acredita que a presidente pode ter revertido essa tendência, garantindo mais um voto essencial entre os europeus.
Hoje, Dilma tentará mais uma vez conversar com a chanceler alemã, Angela Merkel, em um último esforço antes da reunião da União Europeia, às 15 horas, que definirá se os países votarão em bloco em um dos dois candidatos ou serão liberados para votar em quem quiser.
A região é considerada fundamental na contabilidade, já que soma 28 votos - a Croácia, que ainda não é parte oficial da UE, uniu-se ao bloco na votação - e existe um esforço de Bruxelas para evitar a divisão. O problema é que os europeus não conseguem um consenso sobre o candidato. Um grupo, liderado por Reino Unido e Holanda, além de países do Leste Europeu, faz campanha por Blanco. Outro, que une 13 países, entre eles Portugal, Espanha e Itália, defende Azevedo.
Pelos cálculos do Itamaraty, o embaixador brasileiro já tem entre 106 e 111 votos, incluindo os votos dos europeus - bem mais do que os 80 necessários para vencer a disputa. O governo acelerou os contatos nos últimos dias, incluindo aí a ação da presidente, para tentar convencer a UE a votar em bloco no Brasil. No entanto, trabalha com a hipótese de perder esses votos. Ainda assim, a eleição não seria prejudicada.
Regras. Na eleição da OMC não é apenas o número de votos que conta. Pela regra, os candidatos precisam ter apoio em todas as regiões do mundo - tanto nas nações ricas, quanto entre os emergentes e os mais pobres. Tendo viajado por 83 países e diante da boa relação do Brasil em todos os continentes, esse é um problema resolvido para o Itamaraty.