O relator na comissão mista da Medida Provisória 595, a MP dos Portos, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), classificou de "ruptura" a possibilidade de se votar um texto diferente do aprovado há duas semanas pelo colegiado. Na quarta-feira, 8, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), reuniu em uma única emenda dez propostas feitas individualmente por parlamentares do seu partido, do PP, do PDT, do PSB e até do PT, e que desfigura radicalmente o texto da MP aprovado na comissão mista.
O líder do PR na Câmara, deputado Anthony Garotinho (RJ), contestou a emenda do colega do Rio e protagonizou com ele uma troca de acusações por causa da emenda que, na prática, inviabilizou a votação da matéria.
"O texto que saiu da comissão mista foi um texto amplamente negociado. Faz parte de um amplo entendimento com classe trabalhadora, centrais, federações. Ele representa senão o ideal, o possível. Mais do que isso é ruptura, como vocês viram na Câmara. Mais do que aquilo não interessa ao Brasil, não interessa ao povo, ao trabalhador, à economia", afirmou Eduardo Braga, que também é líder do governo no Senado.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), marcou uma sessão extraordinária no plenário a fim de tentar votar a matéria antes de ela perder a eficácia. A MP, que ainda tem de passar pelo plenário do Senado, deixará de valer até na quinta-feira da próxima semana. Eduardo Braga disse que ainda é possível aprovar a matéria e lembrou o apelo que a presidente Dilma Rousseff tem feito nos últimos dias em prol da medida provisória.
Daniel Dantas
Em nota, a assessoria de comunicação do Grupo Opportunity rebateu o discurso do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que acusou o empresário Daniel Dantas de circular na Câmara dos Deputados na semana em que seria votada a MP dos Portos. "É preciso deixar claro que Daniel Dantas não circulou pelos corredores do Congresso e não é lobista", afirma o Opportunity.
Garotinho, que chamou de "MP dos Porcos" a emenda aglutinativa que mudaria o texto original da MP aprovado na Comissão Especial Mista, reiterou na tarde desta quinta-feira o discurso feito na noite anterior no plenário da Casa. Ele foi à tribuna dizer que não apoiaria a emenda porque ela representava os interesses dos empresários do setor portuário. "Reafirmo tudo o que foi dito aqui. É emenda Tio Patinhas. É emenda dos porcos", afirmou.