Em outubro deste ano, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai promover o primeiro leilão exclusivamente de gás. O leilão está previsto para os dias 30 e 31 e terá como foco blocos exploratórios em terra, com o objetivo de desenvolver no país um mercado de gás não convencional, extraído de rochas, como o xisto.
Em entrevista à Agência Brasil, o diretor da ANP Helder Queiroz disse que já foi encaminhado ao Ministério de Minas e Energia (MME) o mapeamento com a sugestão das áreas a serem ofertadas. Depois disso, o ministério submeterá o estudo à apreciação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Ele informou, ainda, que a expectativa é que o MME encaminhe o mapeamento ao CNPE nas próximas semanas, para que o edital possa ser publicado até o final de junho.
“O foco da rodada de gás serão os blocos em terra, porque existe hoje uma dependência ainda grande do gás natural importado, e existe uma demanda reprimida, principalmente para atender às termelétricas a gás, para garantia do abastecimento em tempo de seca”, disse Queiroz.
Segundo ele, a ideia é que a médio e longo prazos o país possa reduzir essa dependência. “Esse leilão constituirá um conjunto de oferta de oportunidades nessas áreas. As oportunidades tanto podem ser do gás convencional, como também do não convencional, extraído de rochas como o xisto.”
Queiroz adiantou à Agência Brasil que a rodada de gás prevista para outubro deve ter mais ou menos o mesmo número de blocos da 11ª Rodada de Licitações. “Mas, em termos de área, os blocos ofertados serão menores, porque estão localizados em terra. Será algo em torno de 250 a 300 blocos. Mas isso ainda vai depender de manifestações dos órgãos ambientais para que a gente possa definir depois, com a validação do CNPE, o número definitivo”, ressaltou.
Recentemente, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, admitiu em entrevista que as reservas brasileiras de gás não convencional podem, hipoteticamente, ser maiores do que os volumes das reservas de gás natural existentes nos campos do pré-sal da Bacia de Santos.
Magda teve o cuidado, porém, de ressaltar que as perspectivas se baseavam apenas em estimativas preliminares, porque não há estudos detalhados sobre o assunto. “Trata-se apenas de um exercício”, disse.
A partir de uma iniciativa da OGX, que construiu um complexo termelétrico no Maranhão para aproveitar os 3,5 milhões de metros cúbicos diários de gás natural que a empresa vem produzindo na Bacia Pará-Maranhão, a diretora-geral da ANP disse que a agência vai disponibilizar na rodada de gás as localizações das linhas de transmissão, de modo que a experiência possa vir a ser seguida por outros produtores.
“Nessa rodada de gás, vamos indicar para os investidores o trajeto das linhas de transmissão existentes no país, de modo que, se necessário, a experiência da OGX seja seguida. Essa é uma orientação da própria presidenta [Dilma Rousseff]. E nós estamos aplaudindo a iniciativa da OGX”.