A embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes, destacou nesta terça-feira, em seminário realizado na Fundação Álvares Penteado (Faap), que os projetos de infraestrutura brasileiros são interessantes para aquele país. "É uma janela de oportunidades para todos, inclusive para os investidores mexicanos, que têm tradição na indústria da construção e em grandes obras de infraestrutura", afirmou.
Beatriz também ressaltou a intenção do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, em estreitar as relações com o Brasil. "O governo tem uma vontade política explícita de se aproximar mais do Brasil", disse. De acordo com ela, para que isso se concretize, os dois países devem identificar nichos que possam beneficiar as duas partes.
Segundo Beatriz, há, atualmente, uma boa interação entre Peña Nieto e a presidente Dilma Rousseff e também entre alguns setores econômicos, com destaque para o automotivo. "Já existe uma dinâmica nesse segmento e desejamos consolidá-la," disse. A embaixadora do México no Brasil citou ainda o exemplo do setor sucroalcooleiro. "É importante aprender (com o Brasil) em matéria de energias alternativas."
No mesmo evento, o diplomata brasileiro Sérgio Amaral, que é diretor do Centro de Estudos Americanos da Faap, afirmou que a aproximação comercial entre os dois países é "menor do que o ideal". Em 2002, o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões (F.O.B.) para o México, volume que alcançou US$ 4 bilhões em 2012. Já as importações saltaram de US$ 580 milhões (F.O.B.) para US$ 6 bilhões no mesmo período, impulsionadas pela assinatura do acordo automotivo com México, em setembro de 2002, que prevê isenção de impostos para uma cota de veículos.
Na opinião do diplomata brasileiro Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da Faap, a falta de uma cooperação entre México e Brasil enfraqueceria a América Latina. "Há muitos produtos brasileiros que têm condições de chegar ao mercado mexicano", disse, citando o fato de o México ser um importador de alimentos e o Brasil, um importante exportador. Na mesma linha, Beatriz afirmou que México e Brasil são potências complementares economicamente. "É perfeitamente factível identificar as vantagens para o mercado mexicano de uma associação com o Brasil e vice-versa", revelou.
Protecionismo
Perguntada sobre a adoção de supostas medidas protecionistas por parte do governo brasileiro, principalmente em relação ao México ela disse que o Brasil deverá avaliar se estratégias desse tipo que funcionaram num determinado momento histórico, continuam efetivas agora.