O ex-presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse nesta segunda-feira que a condução econômica do Japão precisa ser acompanhada de reformas estruturais, expressando preocupação de que o crescimento seja apenas uma euforia momentânea. O Japão registrou 0,9% de crescimento na comparação trimestral nos três primeiros meses deste ano, período em que o primeiro-ministro Shinzo Abe assumiu, com uma plataforma de injeção monetária e estímulo fiscal intenso.
"Por um lado, acho compreensível que o primeiro-ministro Abe entre e tente um efeito de choque, mas ninguém deve ter a ilusão de que não há um senão", disse Zoellick, cujo mandato terminou no ano passado. "O que eu observaria é, como você garante que isso não é apenas uma euforia momentânea? Como você garante que há uma continuidade?", disse Zoellick em um fórum de relações entre Estados Unidos e Nova Zelândia.
Zoellick, que teve altos cargos no governo do ex-presidente George W. Bush, disse que o Japão já tem um problema de dívida e precisa passar por mudanças estruturais para liberalizar sua economia. Ele afirmou ter esperança de que a ação de Abe para participar das negociações de um acordo de livre comércio entre as nações emergentes do pacífico, a Parceria Transpacífica, era uma forma de forçar o Japão a realizar reformas com risco político.
"Se o Japão não empreender essas reformas estruturais, por meio de sua próprias políticas ou pela Parceria ou ambos, eu temo que esta será, principalmente, uma estratégia de desvalorização da moeda, com riscos para os outros", disse ele. O iene despencou este mês a mais de 100 dólares pela primeira vez em mais de quatro anos. Um iene desvalorizado beneficia os exportadores, ao tornar seus produtos mais baratos, mas gerou críticas de alguns concorrentes.
O crescimento do Japão no primeiro trimestre (3,5% na base anual) veio depois de mais de duas décadas de baixo crescimento. O plano econômico de Abe atraiu um interesse crescente da Europa, onde alguns críticos da austeridade disseram que o Japão deve servir de modelo para a recuperação do continente, mergulhado em problemas econômicos.