A operadora de telecomunicações Telecom Italia, que é controladora da TIM no Brasil, disse nesta quinta-feira que o conselho de administração decidiu pela separação da sua rede de telefonia fixa do restante do grupo. A empresa começou a examinar a operação no ano passado.
A cisão, similar à realizada pela British Telecom quando criou a Openreach em 2005, despertou preocupações com a situação da concorrência no setor.
Segundo a Telecom Italia, alguns ativos, incluindo de cobre e fibra ótica, assim como gabinetes, serão transferidos para uma companhia separada. A nova entidade "vai garantir a todos os operadores o acesso à rede de telefonia fixa" de uma forma igualitária, segundo comunicado divulgado pela companhia.
A Telecom Itália afirmou ainda que continuará discutindo com a credora estatal Cassa Depositi e Prestiti (CDP) a possibilidade de compra de "uma participação no capital social da empresa de acesso à rede fixa", de acordo com o comunicado. As negociações foram interrompidas por causa de várias questões em que não havia acordo, disse uma pessoa familiarizada com o negócio.
De acordo com especialistas e analistas, uma das razões para a Telecom Italia dar sequência ao plano de separação das operações é que ela espera obter em troca uma flexibilização do sistema regulatório italiano atual, condição que os principais concorrentes consideram "totalmente inaceitável".
Atualmente, concorrentes precisam alugar serviços da Telecom Italia a fim de oferecer acesso de banda larga a clientes finais e afirmam que os custos cobrados pela empresa não possibilitam a competição de igual para igual no varejo. "Existe um conjunto de regras para evitar isso, mas elas simplesmente não são respeitadas", afirmou outra fonte ligada à negociação, acrescentando que um novo afrouxamento das regras destruiria a livre concorrência no país.
No início de maio, o órgão de defesa da concorrência italiano ordenou sanções à Telecom Italia por abuso da posição dominante, alegando que a empresa rejeitou uma série de solicitações de ativação de linha de concorrentes. A Telecom Italia afirmou que vai recorrer da decisão e acrescentou que sempre concedeu acesso pleno e igual à sua rede para os concorrentes.