O número de consumidores que planejaram os gastos subiu para 80,4% em maio, ante 70,9% em abril, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela Fecomércio Minas. A pesquisa Orçamento Doméstico do Consumidor mostra que as compras por impulso também tiveram queda, passando de 39,9% para 37,6%. No entanto, os dados alertam que planejar não significa cumprir fielmente o cronograma. A pesquisa apontou que 42,5% daqueles que fazem as contas não conseguem manter o plano conforme previsto.
Para o economista da Fecomércio Gabriel de Andrade Ivo, a pesquisa demonstra que o consumidor sempre inicia o mês com alguma intenção no planejamento de suas despesas. Mas é bom atentar para a qualidade desse planejamento, uma vez que há diferença considerável entre a intenção e o hábito. “O fato de priorizar o planejamento, como forma de garantir segurança no futuro, não diminui o apetite dos consumidores pelo crédito fácil, cujo acesso comum se dá pelo parcelamento da compra via cartão de crédito”, comenta.
O economista explica também a diferença entre aqueles que afirmam planejar e os que não compram por impulso. Entre os dois registros, há uma lacuna de 18%, revelando uma incoerência entre a intenção e o hábito. “Após 2008, época de grave crise econômica, o consumidor começou a planejar mais seus gastos. Entretanto, após readquirir a confiança na economia, ele passou a comprar mais, o que gerou uma grande lacuna entre a intenção e o hábito”. Para o economista, isso reforça a necessidade do brasileiro de criar a cultura da educação financeira para evitar o descontrole orçamentário, uma das principais causas da inadimplência.
Gastos
Os gastos com alimentação corresponderam a 26,5% no peso das despesas correntes, seguido da tarifa de água (20,3%), energia elétrica (13,2%), telefone fixo (8,4%), educação (6,7%) e aluguel (2,7%).
Além disso, o cartão de crédito é o que mais pesa no orçamento doméstico com 61%, alta frente a abril, quando correspondeu a 55,3%. No uso do cartão, a opção pelo parcelamento é a forma preferida dos consumidores, com 75,2% das respostas. Ou seja, o cartão é o meio de financiamento principal para as compras.
Dentre os consumidores entrevistados, a maioria, 90,7% pagariam suas contas à vista caso fosse oferecido desconto. Indicativo importante para os empresários dispostos a fortalecer seu caixa, fugir do peso das taxas de administração das adquirentes de cartões e criar vantagens competitivas frente à concorrência.