O Brasil, visto no mundo inteiro como o país do futebol, sonha em dar a imagem de uma nação vibrante e dinâmica a um ano da Copa do Mundo de 2014, mas problemas de infraestrutura preocupam. Será o segundo Mundial organizado no país, com a expectativa de apagar o trauma da final de 1950 perdida para o Uruguai no Maracanã.
O primeiro grande teste será a Copa das Confederações, que começa no próximo sábado e terá sua decisão no dia 30 de junho no Rio de Janeiro, no Maracanã reformado por mais de um bilhão de reais. O evento deste ano será de bem menor do que a Copa do Mundo, que terá 32 seleções envolvidas e 12 cidades-sede.
A Copa das Confederações reúne quatro vezes menos equipes (8: Brasil, Espanha, Itália, Japão, México, Nigéria, Taiti e Uruguai) e a metade de estádios (6: Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Recife). Muitos atrasos atrapalharam os preparativos e apenas a infraestrutura básica ficou pronta para receber o torneio.
Quatro dos seis estádios que receberão partidas da Copa das Confederações foram entregues à Fifa depois do prazo estipulado. No fim do mês de maio, parte da cobertura da Fonte Nova de Salvador se rompeu depois de fortes chuvas por causa de um "erro humano" na instalação da membrana.
Transporte aéreo, um grande desafio
Outro aspecto que preocupa é o transporte, com engarrafamentos nas capitais, aeroportos congestionados e estradas em mau estado. O transporte aéreo cresceu mais de 120% no país na última década, movimento que se intensificou com o surgimento da classe C, a um ritmo muito superior ao crescimento da capacidade aeroportuária.
A expectativa é que esses aeroportos já saturados recebam durante a Copa de 2014 três milhões de turistas brasileiros e outros 500.000 estrangeiros para deslocamentos entre as 12 cidades-sede. O governo já começou um processo de privatização de alguns aeroportos, além da modernização e ampliação de outros, mas tudo em ritmo lento.
"Se não tivermos um bom planejamento, uma boa regulação e incentivos a investimentos, será um desastre", alertou Gesner Oliveira, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialista em questões de infraestrutura. "O Brasil gasta cerca de 2% do seu PIB em infraestrutura, quando a China gasta mais de 7%", comparou.
"O país ainda pode aproveitar a oportunidade para dar um salto e organizar uma Copa razoável em termos de infraestrutura, que possa atender a demanda do evento". O ministro dos esportes, Aldo Rebelo, reconheceu recentemente que os aeroportos também precisam melhorar a qualidade dos seus serviços. "Não adianta aumentar a capacidade dos aeroportos se não podem operar de forma satisfatória, se há filas, atrasos na chegada e na retirada de bagagens", comentou.
Gerar felicidade
A Fifa espera um faturamento de 4 bilhões de dólares para a Copa de 2014, 60% gerados pela venda de direitos de transmissão, sendo que 15 bilhões serão investidos pelo governo para a organização do evento. De acordo com o estudo da Ernst&Young e da FGV, esses investimentos representam uma injeção de 70 bilhões de dólares na economia.
"O maior desafio do Brasil não é a construção de estádios ou de aeroportos, mas a forma com que serão aproveitados esses grandes investimentos", considerou Pedro Trengrouse, assessor da ONU para a Copa de 2014, em declarações à AFP. "O Brasil recebe a Copa porque pode pagar a fatura. A ideia é gerar felicidade, levantar a autoestima", completou Trengrouse.