O Banco do Japão (BoJ) considerou nesta terça-feira que a situação econômica do país melhora e decidiu manter intactas as medidas de flexibilização monetária para acentuar esta tendência animadora. Os nove membros do comitê de política monetária aprovaram por unanimidade o objetivo de elevar de 60 a 70 bilhões de ienes por ano (461 a 569 bilhões de euros) a base monetária, uma nova disposição decidida em abril pouco depois da chegada do novo governador do BoJ, Haruhiko Kuroda, eleito pelo primeiro-ministro de direita Shinzo Abe, no poder há seis meses.
O BoJ prevê seguir comprando ativos financeiros, essencialmente obrigações de Estado, com o objetivo de dinamizar a atividade das empresas e de particulares e alcançar o objetivo de inflação de 2%, fixado com o governo. Ao aumentar consideravelmente a base monetária - ou seja, o dinheiro líquido e as reservas obrigatórias dos bancos - o BoJ quer favorecer a baixa das taxas de juros. Com isso, deseja criar um contexto que facilite os empréstimos a particulares e empresas, para incitá-los a investir e estimular a atividade e, portanto, o crescimento.
Esta flexibilidade monetária constitui uma das três "flechas" da política econômica chamada de "Abenomics", junto à generosidade orçamentária e à estratégia de crescimento baseada em várias reformas - ajuda às famílias - e na desregulação em vários setores, como a eletricidade ou a venda de medicamentos. Embora ainda seja cedo para julgar a eficácia das três flechas, "a economia japonesa melhora (...) e a conjuntura estrangeira se encaminha pouco a pouco na mesma direção", destaca o BoJ.
Em todo o caso, o bom crescimento do Japão no primeiro trimestre do ano (+1%), anunciado na segunda-feira, parece avalizar a política econômica de Shinzo Abe, claramente voltada para a reativação econômica do país. O crescimento do PIB do Japão no primeiro trimestre foi maior que o anunciado inicialmente, +1% ao invés +0,9% em relação ao período anterior outubro-dezembro de 2012, segundo números publicados na segunda-feira pelo governo que revisam em alta uma estimativa anterior de meados de maio.
Em ritmo anual, o Produto Interno Bruto (PIB) da terceira economia mundial aumentou no primeiro trimestre de 2013 4% (ao invés de 3,5%, segundo as cifras de maio) em relação ao mesmo período do ano anterior. A melhora econômica nos Estados Unidos, unida a taxas de câmbio mais favoráveis, também contribuiu para uma queda do iene frente ao dólar, estimulando as exportações no primeiro trimestre do ano.
Além disso, a reconstrução do nordeste do país, devastado pelo terremoto e tsunami de março de 2011, continua estimulando os pedidos públicos. Por outro lado, o BoJ comemora também que o "estado de ânimo dos consumidores seja melhor", o que os estimula a gastar mais. Em maio, o otimismo geral continuou subindo e a maioria dos japoneses acredita que o clima do emprego é cada vez mais propício.