(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dólar se acalma no fim de mais um dia de fúria

Intervenções do Banco Central não impediram que dólar chegasse a R$ 2,16 ontem, mas notícia de reunião entre Dilma e Mantega arrefeceu ânimos do mercado e garantiu R$ 2,13 no fechamento


postado em 12/06/2013 06:00 / atualizado em 12/06/2013 07:14

Só a expectativa sobre a reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, conseguiu arrefecer a escalada do dólar ontem. A moeda norte-americana bateu nos R$ 2,16 pelo segundo pregão seguido e se acomodou no final do dia cotado em R$ 2,13, com queda de 0,53%. Nem mesmo as intervenções do Banco Central (BC), que inundou o mercado com US$ 2,2 bilhões, realizando – pela segunda vez consecutiva – dois leilões de swap cambial no mercado futuro num mesmo dia, foram suficientes para conter a valorização da divisa dos EUA frente ao real.

Marcado por intensa volatilidade, o dia começou com o dólar forte. A moeda foi a R$ 2,1665 na máxima, o que provocou as intervenções do BC. No primeiro leilão, a autoridade monetária colocou 80 mil contratos no mercado, dos quais conseguiu negociar 25 mil, numa operação de US$ 1,2 bilhão. Logo em seguida, fez novo leilão e negociou US$ 997 milhões. Contudo, a moeda permaneceu valorizada e só começou o movimento de baixa após a divulgação da reunião da presidente com o ministro Mantega.

“É uma queda de braço. O mercado só se acalmou na expectativa de alguma medida que atraia capital estrangeiro”, alertou o gerente da Corretora Fair, Mário Battistel. Na avaliação do analista, é possível que o governo mantenha o movimento de zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tanto sobre os empréstimos com prazo abaixo de um ano, quanto sobre os derivativos – ambos com taxas de 6% –, a exemplo do que já fez com a entrada de capital estrangeiro para renda fixa.

Entretanto, não foi anunciada nenhuma medida após a reunião de três horas e meia de Mantega com Dilma, que ainda contou com os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Aloizio Mercadante (Educação) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento e Indústria) e o publicitário João Santana.

Mantega procurou não mostrar preocupação. Diante do mau humor dos investidores em relação às incertezas na condução da política econômica do país, perguntou: "Que crise? Onde é que está crise?" Essas foram as poucas palavras que o ministro pronunciou ao ser questionado sobre a oscilação do dólar e a queda no mercado de ações.

Para o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos, o governo deve tomar alguma medida para atrair capital estrangeiro ao país. Santos destacou que os motivos para a valorização da moeda norte-americana continuam os mesmos. A melhora da economia dos Estados Unidos e a sinalização do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que poderá retirar ou reduzir os estímulos à economia, que hoje garantem a injeção de US$ 85 bilhões mensais no mercado, são doisdeles. E a desaceleração da economia da China, que afeta diretamente os países produtores de commodities, como o Brasil, é outro.

“Não houve nenhum fato adicional, por isso o Banco Central interveio quando bateu nos R$ 2,16. Ele está acenando para o mercado que quer evitar essa volatilidade, esses movimentos bruscos descolados de fundamentos”, disse. Apesar da incerteza do mercado, Santos acredita que ainda é cedo para que o câmbio valorizado tenha se refletido na alta da inflação. “Ninguém sabe ao certo qual será o novo patamar do dólar para fazer qualquer repasse aoconsumidor. Quando ficar definida nova banda é que o impacto será mais visível na alta dos preços”, estimou.

Posição incômoda

O real já perdeu 6% de valor frente ao dólar desde 1º de maio, registrando a quinta maior desvalorização dentre as 30 moedas mais importantes do planeta, atrás apenas das divisas da África do Sul, Austrália, Índia e Nova Zelândia. Os dados foram divulgados ontem no relatório do HSBC. O rand sul-africano amargou a maior queda e acumula recuo de 12% ante a moeda dos Estados Unidos.

Na análise do economista do HSBC David Bloom, os países exportadores de commodities e emergentes foram os principais prejudicados pelo movimento do mercado global de câmbio. “A linha que une o trauma dos mercados emergentes tem origem nos EUA. É uma combinação de fatores que inclui a preocupação com a redução do relaxamento quantitativo, o que pode significar menor fluxo para os emergentes, e a possibilidade de aumento dos rendimentos nos EUA”, afirmou.

A preocupação com a economia japonesa, que não deve aumentar o programa de estímulos como o mercado esperava, também tem influência no comportamento da moeda norte-americana, de acordo com o HSBC. Mas o economista reconhece que fatores locais potencializam o movimento em alguns países. O relatório do HSBC menciona o quadro político na Turquia e na África do Sul e a deterioração das contas externas em outros mercados, sem citar nomes.

“Diante de um dólar mais forte, mercados emergentes poderiam ter uma ajuda de competitividade para exportar, mas a possibilidade de ganho crescente em dólar gera preocupação sobre uma desaceleração na entrada de capitais nesses mercados”, destacou Bloom. Das 30 moedas pesquisadas pelo HSBC, apenas seis registraram valorização no mesmo período: libra esterlina, coroa norueguesa, florim húngaro, iuan chinês, euro e, na liderança, a coroa checa, com valorização de cerca de 1% desde 1º de maio. (Colaborou Rosana Hessel)

Bolsa em queda de 3,01%

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) engatou ontem seu terceiro pregão consecutivo de quedas, no qual atropelou o patamar de 50 mil pontos e situou-se um nível abaixo, nos 49 mil pontos, no menor patamar desde agosto de 2011. O mau humor externo foi o gatilho para as ordens de vendas. O Ibovespa fechou em baixa de 3,01%, aos 49.769,93 pontos, menor nível desde 8 de agosto de 2011 (48.668,29 pontos). Na mínima, registrou 49.709 pontos (-3,13%) e, na máxima, 51.314 pontos (estável). No mês, acumula perdas de 6,98% e, no ano, de 18,35%. Nestas três sessões em queda recuou 5,89%. O giro financeiro totalizou R$ 8,315 bilhões, o maior do mês. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)