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Estado de Minas

Turbulências rondam o Banco Central


postado em 12/06/2013 06:00 / atualizado em 12/06/2013 07:16

Desde que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tomou posse, a discordância dentro da instituição nunca foi tão latente. O desgaste com o mercado e com a sociedade, sobretudo depois que os índices de custo de vida estouraram o teto da meta de inflação, e a submissão da instituição ao Palácio do Planalto e ao Ministério da Fazenda levaram o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, a pedir demissão duas vezes. A primeira, conforme integrantes do governo, quando a presidente Dilma Rousseff estava na África do Sul, no fim de março. A segunda durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio.

Os relatos sobre os pedidos de demissão de Hamilton foram colhidos com integrantes da equipe econômica e economista do mercado que teriam ouvido a história de diretores do BC. Segundo eles, a tensão se instalou de vez no BC em 27 de março, quando Dilma afirmou, em Durban, na África do Sul, não acreditar em "políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico".

A declaração de Dilma soou como ameaça e Araújo, o maior defensor do arrocho para conter os reajustes disseminados de preços, achou que deveria pular fora do barco. Só concordou em ficar depois dos fortes apelos de Tombini e de colegas do BC. Sua saída poderia abrir uma enorme crise no governo. À época, ele rebateu publicamente a afirmação da presidente na África do Sul. “A experiência internacional e a teoria econômica apontam inflação baixa e estável como précondição para o crescimento sustentável."


Os argumentos de Carlos Hamilton, à época, causaram comoção no mercado, e o BC logo tratou de difundir que o discurso havia sido combinado com Tombini, tentando encobrir os sinais claros de divergências no comando da instituição. O presidente do BC começou a dar indicações de que se alinharia ao subordinado apenas em 15 de maio, depois que pesquisas internas do Planalto passaram a indicar que a presidente tinha perdido sete pontos nas intenções de votos para 2014 por causa da disparada da inflação. Em 29 de maio, o Copom elevou, por unanimidade, a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano, o dobro do ajuste feito 45 dias antes. Nesse mesmo dia, Hamilton voltou a pedir demissão, por entender que o aperto monetário foi mais político do que técnico. Mais uma vez foi convencido a ficar para não abrir crise no governo.

Procurado pela reportagem, o BC negou, por meio de nota, que Carlos Hamilton tenha pedido demissão. "A assessoria de imprensa do Banco Central desmente, categoricamente, a informação de que o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, esteja demissionário ou mesmo que tenha chegado a pedir demissão.”


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