O governo brasileiro parece tentar virar o jogo econômico. A avaliação é da estrategista para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS), Flavia Cattan-Nauslasky, após o anúncio da retirada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para derivativos cambiais, na quarta-feira, 12, à noite. Acreditamos que esse é um divisor de águas para a política cambial, algo positivo", diz. A analista, porém, comenta que o espaço para a reação do real é limitado, já que o mercado continuará sendo norteado pelos Estados Unidos.
A estrategista diz que a decisão de quarta-feira, 12, é simbólica porque o IOF para derivativos foi, entre todas as medidas tomadas entre 2009 e 2011, a que mais gerou impacto no mercado. "A questão agora é saber se (a decisão) não foi muito tarde por causa do ambiente externo negativo. Uma das grandes dúvidas do governo ao cogitar a retirada do IOF era provocar saída de capital. Isso vai ser testado agora", diz a economista em análise aos clientes.
Flavia Cattan-Nauslasky observa que o impacto da medida no mercado brasileiro tende a ser diluído porque os negócios têm sido influenciados pelos Estados Unidos. "Agora, é a agenda do Bernanke", resume, ao comentar a perspectiva de reversão da política monetária nos EUA. Mas a estrategista do RBS reconhece que, se o ambiente externo estiver menos turbulento, "poderemos ver uma melhora razoável nos fluxos" para o Brasil.
Além de elogiar a decisão anunciada ontem à noite pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a estrategista do RBS lembra que, após o Banco Central adotar ação mais dura contra a inflação, essa é a segunda medida do governo que segue "linha mais ortodoxa".
"Poderemos até ter mais uma boa notícia sobre a política fiscal após a reunião da presidente Dilma Rousseff e o ministro Mantega na quarta-feira, 12. Embora o governo tenha sido forçado a isso, o fato é que nós estamos vendo alguma reconstrução dos três pilares da economia", diz, ao comentar o chamado "tripé macroeconômico" formado pela meta de inflação, câmbio livre e metas de superávit primário.
"Tínhamos razão para pensar que a ameaça de rebaixamento (pela Standard & Poor's) poderia atingir os nervos do governo. Só esperamos que não seja tarde demais", afirma a economista.