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Estado de Minas

Preço do etanol começa a ser mais competitivo do que o da gasolina em BH

Preço do combustível nos postos de BH amargou 3 anos de desvantagem


postado em 14/06/2013 06:00 / atualizado em 14/06/2013 07:13

Alguns postos já estampam a percentagem do custo do litro do álcool frente à gasolina: vantagem é de até 70%(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Alguns postos já estampam a percentagem do custo do litro do álcool frente à gasolina: vantagem é de até 70% (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Depois de quase três anos relegado a segundo plano, o etanol aos poucos volta a ter preço competitivo nas bombas dos postos de Belo Horizonte. O início da safra da cana-de-açúcar tem possibilitado uma acelerada redução dos preços dos combustíveis e, passados 32 meses, surgem os primeiros postos onde é vantajoso optar pelo álcool – se considerado o cálculo de competitividade que diz que o valor do litro do etanol deve representar 70% do da gasolina. E mais: a queda tem induzido também à diminuição dos valores da gasolina.

O Estado de Minas percorreu 10 revendas na capital mineira. Em três deles – Posto Pica-Pau, na Avenida Tereza Cristina; Posto Niquelina, na rua de mesmo nome; e Posto do Papai, na Rua Flávio dos Santos –, a melhor alternativa era encher o tanque do veículo com álcool, efeito que teve início na segunda-feira. De lá para cá, é possível notar o aumento do consumo do etanol. Mesmo sem informações claras, os consumidores têm usado a calculadora e substituído a gasolina. Antes mesmo de o gerente de operações do Posto Niquelina estampar uma placa mostrando os novos números, o consumo do álcool mais que dobrou. O produto é a melhor alternativa desde quarta-feira e foi imediata a mudança. A demanda passou de 700 litros por dia para 1,5 mil litros. “Estamos com fila de espera fora do horário de pico, o que é explicado pelo aumento também do consumo de gasolina”, afirma Alexandre Silva.

O supervisor operacional Paulo Roberto de Oliveira foi um dos que preferiram o combustível verde. Ele não titubeou depois de saber que o produto era mais vantajoso. “Para viajar, o álcool é melhor. O carro desenvolve mais, porém só vale a pena se a diferença (de preço) é boa”, afirma.

Não à toa, o consumo do combustível no país teve aumento de 23% nos três primeiros meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) com números da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Isso resulta em mudança na trajetória dos números, que vinham recuando desde 2009, principalmente devido às seguidas quedas na produção. Tanto que, desde agosto de 2010, a gasolina é a melhor opção.

O avanço deve ser ainda maior caso mais postos passem a ofertar o etanol mais barato que a gasolina, fazendo com que o consumidor volte a ter familiaridade com o produto. Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, a procura por etanol ainda se restringe aos poucos postos que têm proporção inferior a 70%. “Mesmo nesses postos, a proporção ainda está muito perto de 70%. Na hora que estiver generalizado, será possível sentir melhor a competição”, afirma. O preço é o fator preponderante para os consumidores na hora de escolher o combustível. O chefe de pista do Posto Pica-Pau, Valdinei Pereira, afirma que a proporção é vantajosa desde segunda-feira e bastou isso para que a procura pelo etanol crescesse. Lá, o litro do produto é encontrado por R$ 1,797.

Safra farta

A queda do preço é explicada pelo crescimento da safra da cana associado à redução do PIS/Cofins. A moagem da cana nos dois primeiros meses da safra, iniciada em abril, atingiu 10,7 milhões de toneladas, 50% a mais que o acumulado do mesmo período do ano passado. No caso do etanol, o aumento cresceu 85%, devido principalmente à alta de 225% na produção do anidro (tipo que é misturado à gasolina) ante 43,6% do hidratado (combustível usado direto no motor). O secretário-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, afirma que a explicação para o aumento da safra está nas condições climáticas, bastante favoráveis. “Em abril os preços caíram de forma considerável”. O cenário futuro vislumbrado por Campos, no entanto, é de estabilidade. Ele adverte que o etanol só não atingiu melhores preços porque parte da redução foi absorvida por distribuidoras ou revendas – ou ambos. “A queda nas bombas é menor do que se teve entre os produtores”, afirma.

Efeito cascata nos custos

Pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro segunda e terça-feira mostra que na média a gasolina é ainda a melhor alternativa. O litro do combustível derivado de petróleo é encontrado, em média, por R$ 2,811, enquanto o etanol custa R$ 2,132, o que representa 75,84% do valor da gasolina. No entanto, o álcool vem caindo em ritmo bem mais acentuado. Na comparação com a pesquisa feita em maio, a gasolina reduziu 0,39% ante 2,83% do etanol. O ponto positivo é que um tem contribuído para a queda do outro.

Em janeiro, antes de o governo reajustar a gasolina tipo A nas refinarias em 6,6%, a gasolina era encontrada nos postos a R$ 2,750. Em fevereiro, depois de a medida entrar em vigor, subiu para R$ 2,873, o que significa variação de 4,47%. Na pesquisa desta semana, a gasolina ainda está R$ 0,06 acima dos preços de janeiro, mas, por outro lado, está R$ 0,058 abaixo dos números de fevereiro. “Aos poucos os preços voltam aos níveis anteriores ao reajuste de janeiro. O consumidor não vai pagar caro, não aceita um aumento de braços cruzados”, afirma o diretor-executivo do site, Feliciano Abreu, ressaltando que em algumas regiões a variação tem sido maior. Em Venda Nova, por exemplo, a queda do etanol foi de 4,43%, o que também ocorreu na Grande BH – 4,34% em Betim, e 4,55% em Contagem. (PRF)


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