Balconista de uma lanchonete em Belo Horizonte, Adriana Aparecida vem se assustando com o preço do leite e derivados: “Há um mês, paguei R$ 23 numa caixa de leite com 12 embalagens de um litro cada uma. Esta semana, desembolsei R$ 26 (aumento de 13%). O que posso fazer? Tenho uma filha, de 4 anos, e ela não pode ficar sem o alimento. Está tudo, infelizmente, encarecendo”, lamentou a mulher. A queixa dela foi tema de uma pesquisa do site Mercado Mineiro. Das 73 mercadorias (leite e derivados) que tiveram os preços comparados, entre março e junho, 66 apresentaram alta no período. E o reajuste vem na sequência de outros aumentos que pressionam o bolso do consumidor.
O preço de alguns produtos subiu bem mais do que a inflação brasileira nos últimos 12 meses, encerrados em maio, que ficou em 6,5%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O de uma marca de achacolatado (embalagem de 200ml), por exemplo, disparou 34,34%, de R$ 0,99 para R$ 1,33. A disparidade fica ainda maior quando confrontados o aumento das mercadorias, entre março e junho, e a inflação no acumulado do ano (janeiro a maio). O IPCA, por exemplo, ficou em 2,88%.
Já o valor médio de uma marca de leite condensado saltou 25,26%, de R$ 1,94 para R$ 2,43. O de um leite integral, por sua vez, avançou 13,37%, de R$ 2,02 para R$ 2,29. Adriana, a balconista que se assustou com as disparadas do leite e derivados, quer saber o que gerou os aumentos. Com quatro palavras, Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), esclarece as altas: “Houve antecipação da entressafra”.
Ele detalha a explicação: “Tivemos um verão conturbado, com falta de chuvas. Os pastos estão acabando mais rapidamente do que em relação ao ano passado. Dessa forma, o período mais grave, que seria a partir de agosto ou setembro, foi antecipado. A indústria já reajustou os preços desde abril. Agora, está repassando para o varejo. A tendência é de que tenhamos uma entressafra pior do que a do ano passado, principalmente do ‘meio-centro’ do estado para cima, como nas regiões Centro-Oeste, Alto Paranaíba e Noroeste, importantes bacias leiteiras”.
Assim como Adriana, a dona de casa Márcia Cristina Santos sentiu no bolso os últimos reajustes do leite e derivados. Mãe de Alice, uma adolescente de 12 anos, ela reduziu a compra de iorgutes, um dos principais alimentos da menina. Para se ter ideia, o preço de uma marca que negocia uma unidade com 180 gramas do produto subiu 8,73%, de R$ 1,26 para R$ 1,37. “Comecei a comprar mais frutas, principalmente as de época. Foi a fórmula que encontrei para não gastar muito com iorgutes. O preço do queijo também subiu bem”, percebeu a dona de casa.
Mais pressão
Segundo a pesquisa do Mercado Mineiro, o preço de uma marca de queijo minas (500 gramas) passou de R$ 15,42 para R$ 15,97. A alta, de 3,57%, pode parecer pequena, mas está acima da inflação no acumulado do ano (2,88%). O vendedor de queijos Antônio Danelon Grilo diz que, em seu comércio, ele “fará de tudo para manter os preços como estão”. Mas faz uma ressalva: “A gente segura os preços até onde dá para segurar, pois a margem de lucro já é pequena”.
Apesar de a falta de chuva ter gerado o aumento no preço do leite e derivados consumidos em Belo Horizonte, quem estiver disposto a gastar boas solas de sapato pode pagar muito mais barato em vários produtos. Há casos em que o preço entre os estabelecimentos varia em três dígitos. É o caso de uma marca de creme de um chocolate branco, cuja embalagem é de 220 gramas.
Os valores variam 109,24%, de R$ 2,38 para R$ 4,98. Já o preço do iorgute, que a filha da dona de casa Márcia Cristina tanto gosta pode ser encontrado de R$ 2,48 a R$ 4,95 – diferença de 99,6%. Embora os preços variem muito, algumas considerações precisam ser levadas em conta, como enfatiza o diretor-executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
Uma delas é sobre o prazo de validade dos produtos, o que não foi levado em conta pelos pesquisadores: “É comum estabelecimentos reduzirem o preço da mercadoria cujo prazo de validade esteja chegando ao fim. É uma medida para que o supermercado, por exemplo, não perca a venda daquele produto”. A pesquisa completa pode ser conferida no site www.mercadomineiro.com.br.
O preço de alguns produtos subiu bem mais do que a inflação brasileira nos últimos 12 meses, encerrados em maio, que ficou em 6,5%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O de uma marca de achacolatado (embalagem de 200ml), por exemplo, disparou 34,34%, de R$ 0,99 para R$ 1,33. A disparidade fica ainda maior quando confrontados o aumento das mercadorias, entre março e junho, e a inflação no acumulado do ano (janeiro a maio). O IPCA, por exemplo, ficou em 2,88%.
Já o valor médio de uma marca de leite condensado saltou 25,26%, de R$ 1,94 para R$ 2,43. O de um leite integral, por sua vez, avançou 13,37%, de R$ 2,02 para R$ 2,29. Adriana, a balconista que se assustou com as disparadas do leite e derivados, quer saber o que gerou os aumentos. Com quatro palavras, Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), esclarece as altas: “Houve antecipação da entressafra”.
Ele detalha a explicação: “Tivemos um verão conturbado, com falta de chuvas. Os pastos estão acabando mais rapidamente do que em relação ao ano passado. Dessa forma, o período mais grave, que seria a partir de agosto ou setembro, foi antecipado. A indústria já reajustou os preços desde abril. Agora, está repassando para o varejo. A tendência é de que tenhamos uma entressafra pior do que a do ano passado, principalmente do ‘meio-centro’ do estado para cima, como nas regiões Centro-Oeste, Alto Paranaíba e Noroeste, importantes bacias leiteiras”.
Assim como Adriana, a dona de casa Márcia Cristina Santos sentiu no bolso os últimos reajustes do leite e derivados. Mãe de Alice, uma adolescente de 12 anos, ela reduziu a compra de iorgutes, um dos principais alimentos da menina. Para se ter ideia, o preço de uma marca que negocia uma unidade com 180 gramas do produto subiu 8,73%, de R$ 1,26 para R$ 1,37. “Comecei a comprar mais frutas, principalmente as de época. Foi a fórmula que encontrei para não gastar muito com iorgutes. O preço do queijo também subiu bem”, percebeu a dona de casa.
Mais pressão
Segundo a pesquisa do Mercado Mineiro, o preço de uma marca de queijo minas (500 gramas) passou de R$ 15,42 para R$ 15,97. A alta, de 3,57%, pode parecer pequena, mas está acima da inflação no acumulado do ano (2,88%). O vendedor de queijos Antônio Danelon Grilo diz que, em seu comércio, ele “fará de tudo para manter os preços como estão”. Mas faz uma ressalva: “A gente segura os preços até onde dá para segurar, pois a margem de lucro já é pequena”.
Apesar de a falta de chuva ter gerado o aumento no preço do leite e derivados consumidos em Belo Horizonte, quem estiver disposto a gastar boas solas de sapato pode pagar muito mais barato em vários produtos. Há casos em que o preço entre os estabelecimentos varia em três dígitos. É o caso de uma marca de creme de um chocolate branco, cuja embalagem é de 220 gramas.
Os valores variam 109,24%, de R$ 2,38 para R$ 4,98. Já o preço do iorgute, que a filha da dona de casa Márcia Cristina tanto gosta pode ser encontrado de R$ 2,48 a R$ 4,95 – diferença de 99,6%. Embora os preços variem muito, algumas considerações precisam ser levadas em conta, como enfatiza o diretor-executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
Uma delas é sobre o prazo de validade dos produtos, o que não foi levado em conta pelos pesquisadores: “É comum estabelecimentos reduzirem o preço da mercadoria cujo prazo de validade esteja chegando ao fim. É uma medida para que o supermercado, por exemplo, não perca a venda daquele produto”. A pesquisa completa pode ser conferida no site www.mercadomineiro.com.br.