A paralisação nacional de caminhoneiros chegou às indústrias e ao varejo, afetando o abastecimento em Minas e no restante do país. O movimento, iniciado na madrugada de segunda-feira e que termina às 6h de amanhã, provocou ontem grave transtorno. Os bloqueios prejudicaram também entregas no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná. Os manifestantes pedem redução no preço dos pedágios e dos combustíveis, mudanças na legislação e mais segurança.
A Fiat Automóveis foi obrigada a paralisar parcialmente a produção da fábrica de Betim, na Grande Belo Horizonte, e informou que nova parada técnica será feita hoje, devido ao atraso no fornecimento de componentes e peças, provocado por retenções no tráfego na BR-381, a Fernão Dias. Em nota, a montadora comunicou ter decidido por uma parada técnica para adequar suas linhas de produção, de cerca de 3 mil veículos por dia, aos efeitos da greve dos caminhoneiros. “A empresa está avaliando o cenário na busca de alternativas para assegurar a normalidade do ritmo de produção”, diz a nota, embora sem mencionar qual teria sido o prejuízo decorrente da paralisação.
Postos de Igarapé, na Grande Belo Horizonte, e de Divinópolis, no Centro-Oeste, também estão com bombas vazias. Já hortifrutigranjeiros enviados por comerciantes da Ceasa a supermercados de cidades da Região Sul estão nas carretas paradas na Rodovia Fernão Dias (BR-381), há pelo menos 48 horas, e não devem chegar ao destino aptas para o consumo.
O sindicato que representa os donos dos postos, o Minaspetro, informou que pelo menos seis estavam sem gasolina, álcool ou diesel em Divinópolis. “A situação pode piorar na quarta-feira, quando o estoque de outras empresas deve acabar”, disse Luciana Cristina Santos, advogada da entidade. O Posto Minas Gerais, por exemplo, aguarda um carregamento de gasolina desde a tarde de segunda-feira. No Novo Posto Igarapé, na cidade homônima, há uma fila de caminhões que aderiram ao protesto. Outros postos também estão com as bombas vazias. “Um carregamento com 5 mil litros de gasolina e 5 mil de álcool era para ter chegado hoje (ontem). Não sei se teremos combustível na quarta-feira, pois manifestantes estão furando os pneus de caminhões que tentam furar o bloqueio”, contou Valéria Gomes, gerente do posto.
As barreiras montadas pelos manifestantes prejudicam também a CrisFruti, especializada em importação e vendas de frutas. Caminhões da empresa deixaram o entreposto da Ceasa em Contagem, na segunda, e ainda não chegaram ao destino. “Deveria abastecer supermercados do Sul de Minas na segunda-feira. Os supermercadistas disseram que, provavelmente, não poderão aproveitar a carga, perecível”, lamentou Caio Gomide. A empresa dele funciona na Ceasa, onde comerciantes temem uma queda no faturamento.
O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, acredita que a greve não vai impactar as vendas, pois as empresas têm estoque, em média, para 10 dias. Como a paralisação foi anunciada com antecedência, muitos empresários reforçaram prateleiras e gôndolas. “ E a maioria dos perecíveis é produzida num raio de até 150km, ou seja, há estradas alternativas, uma infinidade delas”, disse Adilson. (Com Sílvio Ribas)