A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) amargou ontem o quarto pregão seguido de queda. Com o fechamento antecipado dos mercados nos Estados Unidos, em função do feriado de 4 de julho, as negociações foram marcadas por fortes oscilações. O Ibovespa, que operou no azul durante parte do pregão, terminou o dia no vermelho, em baixa de 0,41%, aos 45.044 pontos. Os papéis da petroleira de Eike Batista, a OGX, tombaram 15,56% e colaboraram para o desempenho negativo do indicador.
Para analistas, o mercado brasileiro tem como piso os 44 mil pontos. “Há uma forte aversão ao risco no Brasil, os investidores estrangeiros têm deixado o país”, observou Mauro Schneider, economista-chefe da CGD Securities. Mas a semana pode trazer ainda mais resultados negativos. Marcelo Torto, analista da Ativa Corretora, explica que os investidores desmontaram posições à espera de dados de emprego nos Estados Unidos, que devem ser divulgados na sexta-feira. A depender do resultado, pode haver mudanças na estratégia do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). “Eles estão se protegendo. Ninguém quer tomar uma decisão sem saber o que vai acontecer”, disse.
A maior preocupação dos investidores, no momento, além do cenário externo, está nas empresas do grupo X. O mercado entende que elas podem contaminar outras companhias. Ontem, numa tentativa de estancar as recorrentes perdas de valor societário do grupo EBX, que acumulam um tombo de mais de 90%, e conter especulações sobre risco iminente de calotes em dívidas, o empresário Eike Batista informou que suas empresas têm recursos suficientes para honrar compromissos.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Eike ressaltou que tem crédito de US$ 850 milhões a receber da Petronas, estatal de petróleo da Malásia, referentes à venda de participação de 40% em dois blocos de exploração na Bacia de Campos (RJ). Eike falou ainda da possibilidade de a petroleira exercer a opção de um aporte de US$ 1 bilhão, valor que seria colocado na companhia por ele próprio, conforme divulgado em outubro de 2012.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou ontem, por meio de nota, que o valor total das operações com o Grupo EBX junto à instituição é de R$ 10,4 bilhões. “Nem tudo foi liberado, já que os desembolsos ocorrem ao longo do período de execução dos empreendimentos”, esclarece o banco, garantindo que sua exposição direta é pequena.
Câmbio
Os investidores estrangeiros e os bancos estão apostando alto na valorização do dólar contra o real. Juntas, as duas categorias de investidores colocaram US$ 10 bilhões na expectativa de elevação da moeda. Com essa montanha de dinheiro pressionando pela alta, o dólar, ontem, subiu mais 0,89%, fechou o dia cotado a R$ 2,269 na venda – o maior nível desde 1º de abril de 2009. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou a elevação e a atribuiu a um movimento generalizado de alta frente às principais moedas do mundo. Na visão do mercado, porém, o cenário pode se agravar ainda mais diante da desaceleração da China, do aprofundamento da crise política e econômica em Portugal, do risco de um novo calote da Grécia e das tensões no Egito.