Apontado como organizador dos protestos que pararam dezenas de rodovias no País, o Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) é presidido pelo empresário Nélio Botelho, de 71 anos, que está envolvido com lutas da categoria desde 1983. Com sede no Rio, o MUBC é uma entidade civil que representa os motoristas, embora não seja um sindicato. Nas últimas eleições, apoiou a candidatura ao Senado do atual presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, e do senador Lindberg Farias (PT).
Sindicalistas paulistas, que foram contra a paralisação, dizem que as empresas de Botelho têm mais de mil caminhões, o que facilitaria seu poder de mobilização. Segundo eles, ao pedir a redução do período de descanso dos caminhoneiros de 11 para 8 horas, o empresário está pensando em aumentar seus lucros.
Botelho começou a militância em 1983, na Federação Nacional dos Condutores de Veículos. Dois anos depois, participou de uma greve de caminhoneiros. Pouco mais tarde, fundou o Sindicato dos Caminhoneiros do Rio, Espírito Santo e Bahia. Em 1998, criou o MUBC.
Botelho consolidou sua fama por meio de um programa diário para caminhoneiros na Rádio Globo do Rio. Em 1999, coordenou uma paralisação de quatro dias, que terminou após o governo federal anunciar a suspensão do aumento do diesel. Em entrevista ao jorntal O Estado de S. Paulo, em 30 de julho de 1999, disse: “Seremos a entidade mais poderosa do País”.