A agência de classificação de risco de crédito Standard and Poor's (S&P;) revisou para baixo, nesta sexta-feira, a perspectiva da nota soberana de Portugal de "estável" à "negativa", devido à "incerteza política crescente" causada pela renúncia de dois ministros do governo de coalizão.
"Consideramos que a incerteza política crescente pode fazer descarrilar as futuras emissões da dívida de Portugal e a conclusão desejada, em 2014, do programa de ajuda acordado pela troika" (UE-BCE-FMI) que representa os credores do país, explicou a agência em um comunicado.
As renúncias do ministro das Finanças Vitor Gaspar e a do titular das Relações Exteriores Paulo Portas "dificulta a adoção de medidas de recuperação orçamentária que poderiam ser necessárias para respeitar as exigências do programa" de ajuda internacional concedido em maio de 2011, acrescenta a agência.
"Observamos também um risco crescente de que as negociações atuais no centro da coalizão no poder possam fracassar, provocando eleições antecipadas", disse a Standard and Poor's.
A renúncia de Portas desestabilizou a coalizão de centro-esquerda no poder e o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho realiza desde quarta-feira várias reuniões para tentar salvar o governo.
Em janeiro de 2012, a Standard and Poor's tinha reduzido a nota de Portugal de BBB- a BB, relegando-a à categoria de investimento especulativo.
A perspectiva da nota que a S&P; atribui à Portugal tinha passado de "negativa" a "estável" em março.