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Estado de Minas

Taxa de juros deve subir nesta quarta-feira


postado em 10/07/2013 07:16

Brasília – Considerada um remédio amargo, mas também um mal necessário em tempos de pressão inflacionária, a alta na taxa de juros básica, a Selic, deve retrair o consumo, ao elevar o custo do dinheiro a crédito, e aumentar a poupança, além de restaurar um pouco da credibilidade, hoje combalida, do Banco Central (BC) no combate à inflação. O mercado aposta numa elevação de 8% para 8,5% da Selic, na decisão que o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga hoje, ao final da reunião que começou ontem.

Se confirmado, o aumento de apenas 0,5 ponto percentual na Selic não terá um impacto muito grande nas taxas de juros das principais linhas crédito ao consumidor, no entanto, será mais um desestímulo ao consumo. Não bastasse o poder de compra estar sendo corroído mês a mês pela inflação – o que já está levando o brasileiro a comprar menos –, a elevação do custo do dinheiro vai ter impacto negativo direto nas vendas do comércio.

Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, o setor vive o pior ano em uma década. “No primeiro quadrimestre do ano passado, o comércio cresceu 12%, mas foram 9% de aumento real e 3% de inflação. No mesmo período deste ano, o índice de crescimento também foi de 12%, mas com 9% de inflação e apenas 3% de aumento real”, avaliou.


De acordo com Bentes, o ajuste na Selic vai abalar, principalmente, a venda de bens de consumo duráveis, que estavam puxando os, cada vez menores, índices positivos do setor. “Além da alta do dólar, que eleva o preço à vista dos produtos duráveis, porque eles utilizam muitos componentes importados, agora, o preço a prazo também vai aumentar, com taxas de juros mais altas para compras financiadas”, explicou.

Ex-diretor do BC Carlos Eduardo de Freitas explicou ainda que, em tempos de juros baixos, o comércio começa a investir em estoque para ganhar com a inflação. “A alta de juros vai reduzir o capital de giro do varejo”, destacou. Portanto, conforme Freitas, a opção do setor será estancar encomendas e baixar preços para desovar estoques. Assim contribuirá para a redução da inflação. “Com juros mais altos, é melhor e mais sensato poupar do que gastar. Até para o comércio, que deixa de investir em estoques e volta a aplicar no capital financeiro. No Brasil, a alta do juros ainda vai contribuir para garantir mais credibilidade ao BC”, ponderou.

Ainda que o objetivo da alta da Selic seja exatamente reduzir o consumo, o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, afirmou que, seja qual for a elevação dos juros, o impacto será pequeno nas taxas de juros das operações de crédito.


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