(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Banco Central eleva juros a 8,5%

Copom promove a terceira alta da Selic em esforço para conter a inflação. Elevação da taxa aumenta o rendimento da caderneta de poupança. Decisão não tem efeito imediato


postado em 11/07/2013 07:32 / atualizado em 11/07/2013 09:14

Sem perspectivas de queda da inflação e com um olho na volatilidade do câmbio e outro na corrida de preços em 2014, o Banco Central (BC) promoveu ontem pela terceira vez consecutiva em 2013 a alta dos juros básicos da economia, que subiram de 8% ao ano para 8,5% ao ano. Para analistas de mercado, a medida não terá impacto prático na economia a curto prazo. A avaliação geral é de que os efeitos da alta dos juros levam entre seis e oito meses para chegar ao mercado. A mudança terá efeito imediato sobre o rendimento da caderneta de poupança.

Com a mudança da Selic para 8,50% ao ano, o rendimento da caderneta de poupança se torna ainda mais atrativo. A aplicação preferida dos brasileiros teve captação recorde no primeiro semestre do ano, de mais de R$ 28 bilhões, justamente porque quase todos os investimentos, com exceção do dólar, perderam para a inflação no período. E a poupança tem o diferencial de não pagar Imposto de Renda e permitir saques a qualquer momento. A Selic em 8,50% é o limite para que a remuneração da caderneta de poupança seja de 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR). Com isso, a nova poupança passa a render mais: agora serão 5,95% ao ano (antes estava em 5,6%). Com qualquer índice acima desse, a aplicação volta a remunerar em 0,5% ao mês mais a TR, como as contas da poupança antiga, com depósitos feitos antes de 5 de maio do ano passado.

Por outro lado, embora a alta dos juros seja insuficiente para fazer a inflação voltar ao centro da meta neste ano e no próximo, ela deverá funcionar como um freio de mão na carestia. No acumulado dos últimos 12 meses até junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial, ficou em 6,7%, acima do teto da meta do governo que é de 6,5%. “O BC vai continuar aumentando a Selic porque o IPCA não está cedendo. O objetivo da autoridade monetária é trazer o índice para o mais próximo possível do centro da meta”, analisa Felipe Queiroz, analista da consultoria de análise de riscos Austing Rating. Ele lembra que a política monetária tem efeitos defasados e que o ajuste feito agora só será sentido em seis ou nove meses.

De acordo com Queiroz, os motores da inflação que está levando o BC a promover a alta da Selic são a instabilidade da moeda americana e a falta de investimentos, aliados ao fato de que os salários reais da economia têm crescido acima da produtividade do país. Com isso, as famílias deixaram de consumir somente bens duráveis e semi-duráveis para demandar também o mercado de serviços, o que alimenta a corrida de preços. “Outro ponto que pesa na alta dos preços é a falta de investimentos. Por isso, todas as medidas adotadas no controle da inflação acabam sendo paliativas e não estruturais”.

Mais altas Apesar do cenário de baixo crescimento, são crescentes as chances de novos aumentos da Selic para controle inflacionário, avalia o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio), Gabriel Andrade Ivo. Segundo ele, o aumento da competitividade e o estímulo à atividade econômica será uma diretriz até o fim de 2013, e as ações do governo vão depender da resposta econômica e da pressão inflacionária. Já para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Bruno Falci, a elevação da Selic é prejudicial ao comércio. “À medida que o orçamento das famílias fica mais comprometido com o aumento de preços, a renda disponível para o consumo diminui. Caso esse cenário se prolongue, poderemos rever a previsão de 7,5% no crescimento do comércio varejista da capital para o ano de 2013”, avisa.

“Se o cenário já era desfavorável para a indústria brasileira, depois de mais um aumento da Selic, ele ficou ainda pior. Nossa visão é de que o ambiente é o menos propício possível para outra elevação dos juros”, diz Olavo Machado Júnior, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Na avaliação da entidade, não há há fatores preponderantes que justificam o posicionamento do Banco Central porque a inflação deu sinal de arrefecimento em junho. “Isso só contribui para elevar um pouco mais os custos de produção e transação da indústria, dificultando sua capacidade competitiva”.

Freio nas vendas do comércio

As vendas do comércio desaceleraram em junho, caindo 3,74% frente ao mês anterior. Essa foi a terceira queda consecutiva do varejo, segundo dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Em relação a junho de 2012 as vendas cresceram 0,65%. Esse é o menor percentual desde janeiro do ano passado. A inadimplência no comércio varejista subiu 1,13% em junho frente ao mês anterior. Na comparação com o mesmo mês em 2012, o indicador avançou 1,52%, o menor índice registrado pela série histórica da CNDL.

Em Belo Horizonte, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) revisou para baixo a expectativa de crescimento do comércio em 2013, de 6% para 5%. Ana Paula Bastos, economista da CDL-BH diz que em junho o resultado das vendas da capital, ainda não divulgado, deve acompanhar a queda observada no cenário nacional. “A alta dos juros, o mês com menos dias úteis, as manifestações que reduziram o fluxo de consumidores no comércio, e a inflação que corrói o salário da população contribuem para o resultado do mês inferior ao observado em maio.”

Sócio-proprietário de quatro lojas de utilidades domésticas e brinquedos na região Sul da cidade, Gustavo Josias Batista diz que julho pode ser outro mês de vendas fracas, mas a expectativa é de uma reação a partir de agosto. “O segundo semestre é sempre melhor.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)