Troca-se trabalho jurídico por projeto arquitetônico. Bicicleta de criança por coleção de camisetas de time de futebol. Livro autografado por calculadora. Autorama por coleção de playmobil. Livro por outro livro. Jogo por outro jogo. Vestido por sapato. O escambo, antigo por definição, tem conquistado a cada dia mais consumidores de lojas físicas e virtuais.
O publicitário Isaac Benevides faz parte desse time. Ele já fez 115 trocas de jogos pela internet. “Se for colocar na ponta do lápis, acho que já economizei cerca de R$ 3 mil”, afirma. As suas negociações foram feitas principalmente com os jogos do Playstation 3, que tinham custo médio de R$ 130 por unidade. “Eu jogava até determinado momento. Quando enjoava, trocava por outro. Era uma forma de economizar e de não ficar desatualizado”, afirma. Ele fez trocas com pessoas de BH e de outros estados, e conta que nunca teve problemas com o escambo.
Fundado em 2011, o site Dois Camelos (www.doiscamelos.com.br) já conta com 50 mil usuários cadastrados. A proposta do site, que começou como aplicativo para redes sociais (Facebook) é promover a troca de bens e serviços. “A ideia é conscientizar as pessoas de que é preciso reduzir o consumo do que não precisamos, pois só assim vamos diminuir o impacto sobre a matérias-primas e matrizes energéticas”, afirma Aristides Athayde, sócio e diretor do Dois Camelos.
No site está sendo criada uma comunidade voltada para o consumo consciente entre os colaboradores. E o projeto deu tão certo que o aplicativo vai ser inaugurado no Canadá. O público é o mais variado, mas formado em sua maioria por pessoas da classe A. Para fazer os encontros de trocas, Athayde conta que foram criados “pontos verdes”, que funcionam em restaurantes, bares e cafés.
Iniciativa semelhante tem ocorrido em BH. O artista plástico Aluízio Figueiredo, proprietário da loja Aluízio Casa, no Bairro Santa Tereza, acaba de lançar o projeto “Enjoei, Troquei”. Todos os sábados, das 10h às 14h, ele convida as clientes para fazerem trocas e tomar um café. “É uma chance de captar outros públicos que não conhecem a loja e transformá-la em ponto de encontro entre as pessoas”, afirma. “É uma forma de renovar a energia. E na atual conjuntura o escambo deve ganhar força, pois o preço das mercadorias está muito alto”, reforça Aluízio.
O site LivraLivro, inaugurado em 2009, já realizou 40 mil trocas. “O nosso objetivo é fomentar a leitura e facilitar o acesso ao livro através das trocas”, afirma o proprietário do site, Samur Araújo. No site, a troca é feita de forma diferente. Quando o consumidor recebe o livro, o dono ganha um ponto. “Com esse ponto, ele pode solicitar outro livro”, explica Araújo. Alguns internautas já chegaram a fazer 200 trocas. A maioria do público do site é de mulheres (cerca de 80%), de 30 a 50 anos.
O portal www.trocajogo. com.br já fez 185 mil trocas desde a sua inauguração, há dois anos. Nele, as pessoas cadastram os videogames que têm e os que querem e o site faz a combinação dos interesses. “O jogo do playstation, quando foi lançado, custava até R$ 250. Percebemos que havia espaço para as pessoas experimentarem outros jogos com economia”, afirma Flávio Banyai, diretor de inovação da Asteria, dona do Troca Jogo. Na sua avaliação, o escambo é uma tendência.